DA REDAÇÃO

Uma das viagens mais marcantes para a estudante de psicologia Helena Cunha Diciero, 22, foi a que fez para Caraíva, no sul da Bahia, em julho de 2001.
Ela não esquece nem a viagem nem os meses que se sucederam. Quando chegou a São Paulo, depois das férias, sentia-se mal, enjoada, mas, apesar de ter feito exames, não sabia o que tinha.
A suspeita de hepatite -que foi depois confirmada- surgiu quando a estudante já apresentava um dos sintomas clássicos da doença, a icterícia (cor amarelada da pele e das mucosas).
A doença dela, hepatite A, poderia ter sido evitada com a vacinação. A imunização ativa contra essa moléstia não está disponível na rede pública, mas pode ser encontrada em clínicas privadas.
"As pessoas se preocupam com roupas, com passagem, mas não com doenças", diz o infectologista da Universidade de São Paulo Marcos Boulos, 58, responsável pela criação do Ambulatório dos Viajantes, em janeiro de 2001.
O ambulatório mensura os riscos da viagem -que crescem quanto mais subdesenvolvido for o local- e orienta as pessoas que vão viajar, e não apenas quanto à vacinação. E, se retornarem doentes, os pacientes também podem ser atendidos na unidade.
De acordo com o infectologista, pelo menos 50% dos viajantes desenvolvem alguma doença. A maioria delas, segundo Boulos, poderia ser evitada com medidas simples, como cuidados alimentares e imunização.
Entre as vacinas indicadas esporadicamente no ambulatório estão a contra a febre tifóide -causada por um tipo de salmonela-, o cólera e a meningite meningocócica. A de febre amarela, disponível na rede pública, é a única exigida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para quem viaja a determinadas regiões.
Antes de ficar doente, Diciero desconhecia a existência da vacina e os riscos a que estava exposta. No entanto, depois de passar três meses em casa, onde terminou o terceiro ano da faculdade, e de ficar mais de um ano sem tomar bebidas alcoólicas, aprendeu: depois de se recuperar completamente, atualizou a sua carteira de vacinação ao se preparar para uma outra viagem.


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