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CENSO ESCOLAR
Para Ministério da Educação, existe migração do ensino médio para modalidade de formação mais rápida
Aluno acelera troca da escola por trabalho
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os estudantes da educação básica estão procurando fórmulas alternativas para conseguir o certificado de conclusão mais rápido e
entrar no mercado de trabalho. A
conclusão é de Eliezer Pacheco,
presidente do Inep, que divulgou
ontem os dados preliminares do
Censo Escolar de 2004. Os dados
finais serão divulgados somente
no começo do próximo ano.
A análise é baseada no pequeno
aumento das matrículas no ensino médio em relação ao ano passado. Ficou em apenas 1%. "Está
aquém do que esperávamos", disse. Mas, se observados os números da educação para jovens e
adultos (EJA), que pode conferir o
certificado do ensino médio em
menos de um ano, é possível interpretar o movimento.
Mercado
Numa análise global, o EJA, nas
instituições públicas, cresceu 5%
em relação a 2003. O nível de ensino confere, em programas diferentes, certificados da educação
fundamental de 1ª a 4ª e de 5ª a 8ª
séries, e de ensino médio. Se separadas apenas as matrículas no EJA
que dá certificados do ensino médio, as matrículas no setor público cresceram 26%, um aumento
de 785 mil inscrições para 988 mil.
"O jovem está sendo pressionado por um mercado mais exigente
em relação ao nível de ensino. Para conseguir um trabalho, busca
um meio mais curto para isso",
afirmou. A interpretação é baseada também nos dados que mostram que uma grande quantidade
de estudantes do ensino fundamental está com idade acima da
recomendada para o nível de educação. São 22% do total com idade acima da recomendada.
Atraso
"Como nós temos um atraso escolar bastante grande, temos que
considerar que quem termina o
ensino fundamental muitas vezes
o faz com uma idade tão avançada
que o ensino médio pode não ser
tão atrativo. O movimento pode
ser para o EJA", afirmou Nélio
Bizzo, vice-diretor da Faculdade
de Educação da USP e ex-vice-presidente da Câmara de Educação Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação).
Segundo ele, outra alternativa
buscada por essa população é o
ensino técnico, que dará uma
educação mais voltada para o
mercado de trabalho.
As matrículas do ensino técnico
cresceram, em um ano, 7% nas escolas públicas (de 264 mil matrículas para 282 mil) e 21% nas instituições privadas (de 325 mil para 392 mil).
O movimento das particulares
foi mais forte na região Norte,
com crescimento de 47% (de
6.700 para 9.800), e das públicas
no Sul (de 50,7 mil para 65 mil ).
Tanto Bizzo como Pacheco ressaltam que os governos federal e
estaduais devem se preocupar
com a expansão do ensino médio,
pois haverá uma pressão de estudantes para esse nível de educação nos próximos anos. Segundo
eles, o baixo aumento no ensino
médio pode indicar que, em algumas regiões, os estudantes não estão encontrando vagas.
Custos
Para Maria Clara Di Piero, coordenadora do Departamento de
Pesquisa e Avaliação da Ação
Educativa, o aumento do EJA
também pode ser explicado por
ser um nível de ensino mais barato para os Estados. A educação de
jovens e adultos é baseada em ensino a distância, telecurso ou outras modalidades que precisam de
uma infra-estrutura menor do
que as escolas.
"Os governos estaduais podem
estar empurrando esses alunos
para o EJA. Eles só precisam, por
exemplo, de apenas um orientador, em vez de um professor para
cada série."
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