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Mudanças arquitetônicas prejudicam resgate histórico
DA SUCURSAL DO RIO
A dificuldade em encontrar
em pé resquícios de um história
que completa 200 anos em
2008 -a da vinda da corte portuguesa ao Brasil- deve-se
também às mudanças arquitetônicas sofridas nas construções cariocas no século 20, diz o
arquiteto Francisco Veríssimo,
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Um dos autores do livro "Arquitetura no Brasil, de Cabral a
D. João VI", lançado no dia 18
de setembro, Veríssimo afirma
que a Revolução Industrial e as
renovações de estilo da década
de 1920 reconfiguraram as
construções do Centro do Rio.
Antes dessas intervenções, as
casas, segundo ele, não seguiam
um estilo específico, mas eram
normalmente em madeira com
cores vibrantes, como amarelo
e azul del rey, nas esquadrias.
Boa parte delas servia também
às atividades comerciais de
seus moradores, por isso tinham portas largas e altas.
"Quase todas as casas tinham
portas bem grandes porque
sempre funcionava algum tipo
de comércio no primeiro andar.
Até por isso o centro do Rio começou a se transformar em um
centro comercial", diz Veríssimo, lembrando que hoje essa
arquitetura se conserva basicamente em cidades com centros
históricos, como o de Paraty, no
sul fluminense.
No Rio, um remanescente
desse estilo, segundo o arquiteto, reside na fachada de um
imóvel na rua do Riachuelo, na
Lapa (centro do Rio).
Nos imóveis que têm respaldo financeiro de órgãos públicos, essas características conseguiram sobreviver ao tempo.
Um deles é o Paço Imperial. Casa principal da família real, o
casarão, na praça 15, hoje funciona como museu e centro cultural e tem a sua fachada original mantida.
Apesar de ter verbas federais
e ser tombado, a Quinta da Boa
Vista, que foi a segunda casa da
família real no Brasil e onde hoje funciona o Museu Nacional,
ainda pena com a falta de conservação de sua estrutura, diz o
historiador Milton Cunha.
"[A Quinta da Boa Vista] está
em petição de miséria, caindo
aos pedaços. A obra que o Iphan
fez há pouco tempo lá foi de fachada", afirma Cunha.
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