São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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PF dá vazamento como "100% esclarecido"

Apuração conclui que cinco pessoas, três contratadas pelo consórcio responsável pela prova, se envolveram no furto da prova do Enem

Polícia Federal vai entregar dossiê com recomendações de segurança para evitar novos vazamentos ao Ministério da Educação

Reprodução
Imagem em que, no destaque, homem pega a prova, segundo a PF

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal considera "100% esclarecido" o furto dos dois cadernos de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que provocou o cancelamento do exame.
Cinco pessoas, três delas contratadas pelo Connasel (consórcio responsável pela prova) para atuar na gráfica, e outras duas acusadas de atuar como intermediárias numa tentativa de vender as questões a ao menos três veículos de comunicação ("O Estado de S. Paulo", Folha e Rede Record), foram indiciadas. Todas responderão em liberdade.
Com a conclusão do inquérito policial, segundo o delegado Fernando Duran Poch, superintendente interino da PF em São Paulo, um dossiê com recomendações de segurança para evitar novos vazamentos será entregue ao Ministério da Educação. O teor das recomendações não foi divulgado.
Nas conclusões da PF, o furto das provas do Enem não teve motivação política. "Foi um grupo amador tentando obter um dinheiro de maneira esquisita", disse o delegado Marcelo Sabadin Baltazar, responsável pela investigação.
Apontado como o mentor do vazamento das provas, Felipe Pradella, 32, foi acusado de peculato (apropriação de recursos públicos), quebra de sigilo funcional e extorsão contra a jornalista Renata Cafardo, de "O Estado de S. Paulo". Após a repórter revelar que o grupo negociava a venda das provas do Enem por R$ 500 mil, Pradella passou a exigir R$ 10 mil para não matá-la.

Responsável
Na investigação da PF, Pradella é tido como o responsável por envolver em seu plano Marcelo Sena, 20, e Felipe Ribeiro, 21, acusados de ajudá-lo a retirar as provas do Enem de dentro da gráfica Plural, que imprimia os exames.
Dia 21 de setembro, Ribeiro, que trabalhava na área de impressão do caderno um do Enem, retirou um exemplar da prova da gráfica, escondeu-o em sua cueca e o repassou a Pradella. No dia seguinte, foi Pradella quem, segundo a PF, escolheu um ponto onde as câmeras da gráfica não filmavam e escondeu o caderno dois de questões em uma blusa de Sena, que depois foi levada pelo dono até o carro de Pradella.
Assim como Pradella, Sena e Ribeiro serão denunciados à Justiça por peculato e quebra de sigilo funcional. A lei prevê que, mesmo quem é contratado por uma empresa privada para prestar serviço em função pública, seja enquadrado como se fosse funcionário público.
Pradella, Sena e Ribeiro eram contratados da Cetro -uma das integrantes do Connasel (Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção). O publicitário e dono de pizzaria Luciano Rodrigues, 39, e o DJ da casa noturna Moon Disco, no Itaim Bibi (zona oeste de SP), Gregory Camillo de Oliveira Craid, 26, foram indiciados por violação de sigilo funcional.
Eles são acusados de intermediar o contato entre Pradella e a imprensa para negociar a prova do Enem.


Veja imagens do furto da prova do Enem
www.folha.com.br/0927916



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