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Ibirapuera faz blitz contra atos obscenos
Guardas e policiais sem farda atuam à noite no "autorama", tradicional ponto de encontro da comunidade homossexual no parque
Associação da Parada do
Orgulho Gay diz que, para
evitar discriminação contra
frequentadores, é preciso
definir o que é proibido
DA REPORTAGEM LOCAL
Policiais e guardas-civis de
São Paulo têm feito operações à
paisana para coibir "atos obscenos" no parque Ibirapuera (zona sul de São Paulo).
Os alvos são pessoas que se
encontram principalmente em
uma parte do estacionamento
chamada de "autorama", tradicional ponto de encontro da comunidade gay de São Paulo.
Com a ação, já diminuiu o número de reclamações de vizinhos do parque, afirmou o secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega.
As operações da guarda no
parque começaram há cerca de
15 dias. Desde então, seis ocorrências de atos obscenos foram
registradas. Dez pessoas foram
detidas e liberadas em seguida.
"As pessoas faziam isso
achando que não teriam nenhum tipo de sanção", disse o
secretário de Segurança Urbana da gestão Kassab (DEM).
Ele não informou o número de
reclamações de vizinhos.
As ações da polícia já ocorrem há mais tempo. Desde
agosto, segundo a Secretaria de
Segurança Pública, agentes do
36º Distrito Policial (Paraíso)
fazem as rondas, às quintas e
sextas, entre as 20h e a 0h.
Mas o que é ato obsceno para
a secretaria e a guarda? Nem
um nem outro explica. A ação
preocupa a comunidade gay.
"Eles precisam definir o que é
um ato obsceno", disse Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho de
Gays, Lésbicas, Bissexuais e
Travestis e Transexuais.
Ato obsceno é um crime previsto no Código Penal Brasileiro punido com três meses a um
ano de detenção ou multa, mas
há uma polêmica sobre o que
pode ser enquadrado no artigo.
"O problema maior é a discriminação. Para algumas pessoas, dois homens se beijando
pode ser a coisa mais asquerosa
do mundo, mas é um ato de afeto. Não estou dizendo que pode
ter sexo ali na frente de todo
mundo, mas o que é direito para os heteros é direito para a
gente também", disse Santos.
Ele afirmou que a ação de policiais à paisana e a instalação
prevista de câmeras de vigilância são positivas, desde que sejam para preservar a segurança
dos frequentadores.
(EVANDRO SPINELLI)
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