São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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Ibirapuera faz blitz contra atos obscenos

Guardas e policiais sem farda atuam à noite no "autorama", tradicional ponto de encontro da comunidade homossexual no parque

Associação da Parada do Orgulho Gay diz que, para evitar discriminação contra frequentadores, é preciso definir o que é proibido

DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais e guardas-civis de São Paulo têm feito operações à paisana para coibir "atos obscenos" no parque Ibirapuera (zona sul de São Paulo).
Os alvos são pessoas que se encontram principalmente em uma parte do estacionamento chamada de "autorama", tradicional ponto de encontro da comunidade gay de São Paulo.
Com a ação, já diminuiu o número de reclamações de vizinhos do parque, afirmou o secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega.
As operações da guarda no parque começaram há cerca de 15 dias. Desde então, seis ocorrências de atos obscenos foram registradas. Dez pessoas foram detidas e liberadas em seguida.
"As pessoas faziam isso achando que não teriam nenhum tipo de sanção", disse o secretário de Segurança Urbana da gestão Kassab (DEM). Ele não informou o número de reclamações de vizinhos.
As ações da polícia já ocorrem há mais tempo. Desde agosto, segundo a Secretaria de Segurança Pública, agentes do 36º Distrito Policial (Paraíso) fazem as rondas, às quintas e sextas, entre as 20h e a 0h.
Mas o que é ato obsceno para a secretaria e a guarda? Nem um nem outro explica. A ação preocupa a comunidade gay. "Eles precisam definir o que é um ato obsceno", disse Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis e Transexuais.
Ato obsceno é um crime previsto no Código Penal Brasileiro punido com três meses a um ano de detenção ou multa, mas há uma polêmica sobre o que pode ser enquadrado no artigo.
"O problema maior é a discriminação. Para algumas pessoas, dois homens se beijando pode ser a coisa mais asquerosa do mundo, mas é um ato de afeto. Não estou dizendo que pode ter sexo ali na frente de todo mundo, mas o que é direito para os heteros é direito para a gente também", disse Santos.
Ele afirmou que a ação de policiais à paisana e a instalação prevista de câmeras de vigilância são positivas, desde que sejam para preservar a segurança dos frequentadores.
(EVANDRO SPINELLI)


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