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Fundação da USP dá R$ 400 mil a loja de caça
Promotoria investiga essa e mais 20 empresas que seriam usadas por funcionários da Fundação Vanzolini em fraude de R$ 5,4 mi
Instituição diz que após auditorias identificou golpe e mudou procedimentos; curadoria não vê envolvimento de diretores
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Vanzolini, instituição de professores da Politécnica da USP, pagou quase R$
400 mil pela consultoria de
uma empresa de São Paulo que,
segundo registros, é especializada no "comércio de artigos de
caça, pesca e camping".
A empresa contratada, a
Presto, também registrada como Recanto da Pesca, é só um
exemplo, segundo o Ministério
Público, de uma lista de 21 empresas "laranjas" utilizadas por
funcionários da fundação para
desviar mais de R$ 5,4 milhões.
Os recursos desviados equivalem a cerca de 10% de um orçamento anual da fundação
(superior a R$ 50 milhões).
A Presto recebeu R$ 385 mil
da fundação entre 2006 e 2008,
mas não há um contrato que
aponte exatamente que tipo de
consultoria ofereceu. Existem
apenas as notas fiscais.
Para tentar recuperar os R$
5,4 milhões, desviados entre
2006 e 2008, a Curadoria de
Fundações, órgão da Promotoria, ajuizou uma ação civil semana passada. Quem encabeça
a lista de suspeitos é o então gerente financeiro da fundação
Luiz Roberto de Pierre. Ele nega as acusações.
O banco Itaú também está na
lista de réus. Segundo a ação, o
banco autorizou pagamentos
sem as assinaturas necessárias
ou com assinaturas falsas.
A Fundação Vanzolini é uma
instituição privada, sem fins lucrativos, criada nos anos 60 pelos professores da Politécnica
da USP. Seu principal objetivo é
o apoio às pesquisas realizadas
pela universidade paulista. Faz
isso com o superavit gerado por
meio de seus contratos com entidades públicas e privadas.
A suspeita sobre ela é semelhante à que pesa contra a Fundação Butantan, onde, segundo
a Promotoria, funcionários do
segundo escalão desviaram
uma quantia superior a R$ 35
milhões (de um orçamento
anual de R$ 300 milhões).
Esse rombo provocou o afastamento do presidente da Fundação Butantan, Isaias Raw,
não pela suspeita de que ele tenha sido beneficiado, mas por
"gestão temerária".
Providências
No caso da Vanzolini, a Curadoria de Fundações não pediu o
afastamento da cúpula da instituição porque, além de não haver suspeita de favorecimento
dos dirigentes, ela considerou
satisfatórias as providências
tomadas. O suposto esquema
começou a ser investigado em
junho de 2008 quando um contador da fundação apontou para a possibilidade de fraude.
Duas empresas de auditoria
foram contratadas pela fundação e, após investigação, identificaram o desvio que ocorria
com a contratação fraudulenta
de produtos e serviços.
A fraude descoberta, diz a
Promotoria, era realizada nos
pagamentos inferiores a R$ 10
mil, nos quais o departamento
tinha certa autonomia, e basicamente de duas formas.
Numa delas, uma rede de
empresas "laranjas" era utilizada para justificar o pagamento
de "serviços que, na realidade,
nunca foram prestados" para a
fundação.
A outra linha da fraude era,
segundo a Promotoria, a falsificação de notas fiscais de empresas que normalmente prestavam serviço à fundação.
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