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ELEIÇÕES NA USP
Candidatos à reitoria defendem maior transparência em fundações
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os oito candidatos à reitoria
da USP (Universidade de São
Paulo) dizem que as fundações
privadas associadas à universidade são importantes, mas defendem que a atuação delas seja
mais "transparente".
Atualmente, as faculdades da
USP trabalham associadas a
cerca de 30 fundações de apoio.
Como atrativo, essas instituições privadas sem fins lucrativos não estão submetidas às
leis que engessam as entidades
públicas e podem obter dinheiro extra para suas faculdades.
As fundações podem contratar sem concurso público, comprar sem licitação e negociar
com mais liberdade com empresas privadas e o governo.
Por outro lado, critica-se a
possibilidade de se aproveitarem indevidamente do nome
da USP para obter contratos financeiramente vantajosos.
A presença das fundações
tem sido um tema constante
nos debates entre os professores que querem suceder Suely
Vilela na reitoria. O primeiro
turno da escolha será feito no
próximo dia 20. O segundo, em
10 de novembro. Uma lista com
três nomes será apresentada ao
governador José Serra (PSDB),
que dará a palavra final.
Leia, a seguir, o que disseram
à Folha os candidatos Armando Corbani (pró-reitor de pós-graduação), Francisco Miraglia
(professor do Instituto de Matemática e Estatística), Glaucius Oliva (diretor do Instituto
de Física de São Carlos), João
Grandino Rodas (diretor da
Faculdade de Direito), Ruy Altafim (pró-reitor de cultura e
extensão), Sonia Penin (diretora da Faculdade de Educação),
Sylvio Sawaya (diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e Wanderley Messias
da Costa (coordenador de comunicação social).
ARMANDO CORBANI
"As fundações agilizam o sistema, removem entraves. A
evolução [necessária] é que todas as fundações sejam 100%
transparentes. Tudo que é coletado, executado e despendido
numa fundação deveria ser de
conhecimento geral. De qualquer forma, nós tivemos um
termo de ajuste de conduta
com a Curadoria de Fundações
[do Ministério Público] e [depois] foi feita uma auditoria em
que se verificou que elas estavam realmente exercendo papel de apoio."
FRANCISCO MIRAGLIA
"É perfeitamente possível
que a universidade pública tenha convênios com entidades
da iniciativa privada, mas com
critérios: os contratos devem
ter prazo determinado, a atuação precisa ser submetida a rigorosa fiscalização e o ensino, a
pesquisa e a extensão não podem ser delegados às fundações. Sou contra cursos pagos
certificados pela USP. O ideal é
que a universidade desenvolva
um modelo para que no futuro
as fundações já não sejam necessárias."
GLAUCIUS OLIVA
"As fundações são importantes para que a universidade
possa cumprir sua missão. Mas
precisamos garantir que sejam
exclusivamente de apoio à universidade. Proponho a criação
de um órgão interno que seja
responsável por gerir o relacionamento da universidade com
as fundações e de um conjunto
de regras mínimas para que
uma fundação possa ser conveniada à universidade. Precisamos tomar cuidado para que as
fundações não ganhem vida
própria."
JOÃO GRANDINO
"As fundações são controladas com rigor no dia a dia pelo
Ministério Público [do Estado
de SP]. Isso já é uma boa garantia para a universidade. Mas é
importante que a própria USP
tenha um código básico sobre
esse tema. Hoje não há uma regulamentação básica, com as
regras para relação da universidade com as fundações. E isso
precisa vir no curto prazo. Se a
unidade não quiser a parceria,
terá toda a liberdade para isso.
Mas, se quiser, haverá regras a
seguir."
RUY ALTAFIM
"As fundações são extremamente importantes para a universidade. Hoje, graças a um
termo assinado com o Ministério Público [do Estado de SP],
elas estão dentro de um patamar de idoneidade moral e administrativa muito elevado. Esse é apenas o primeiro passo
para a transparência necessária. Esse assunto, porém, ainda
precisa ser amplamente discutido, com a participação de toda
a comunidade [da USP], para
que cheguemos a um modelo
de solução."
SONIA PENIN
"As fundações são importantes. Temos uma fundação aqui
na Faculdade de Educação que,
com dinheiro obtido com cursos que damos a secretarias de
Educação, construiu uma biblioteca. A fundação pode também colocar o dinheiro no banco para que ele renda, o que no
orçamento normal não pode
ser feito. Mas uma fundação
que leva o nome da USP tem
que prestar contas e ter uma
transparência muito grande.
Não pode ser usada para fins
comerciais ou particulares."
SYLVIO SAWAYA
"As fundações são necessárias em certos casos. A nossa
pequena fundação [da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo] ajuda numa série de pequenas coisas que não podemos fazer via autarquia, como
contratar arquitetos para desenvolver projetos aqui dentro
e comprar certos produtos. As
fundações precisam ter transparência. Defendo uma reforma dos estatutos que estabeleçam, após discussão, uma forma de relacionamento com
fundações."
WANDERLEY MESSIAS
"Existem fundações e fundações. Existe a Fipe [Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas], que presta serviços relevantes para o país. E existem
pequenas fundações que são
muito pouco conhecidas e podem funcionar como uma espécie de caixa-preta. É preciso haver transparência. Eu não tenho nenhum preconceito ideológico ou político. Não se pode
generalizar dizendo que todas
são nefastas. Parte das fundações desempenha um papel relevante."
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