São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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SAÚDE
Unifesp conclui 4 meses de uso experimental de aparelho contra distúrbio urinário, mais comum em mulheres
Cadeira melhora casos de incontinência

MARCELO LEITE
especial para a Folha

A cadeira eletromagnética IMEx, uma inovação contra a incontinência urinária, saiu melhor que a encomenda. Quando começou a ser usada no Hospital São Paulo, contava-se com sucesso só em 30% dos casos. Resultado: 48% das mulheres tratadas apresentaram melhora.
O nome IMEx quer dizer Inervação Magnética Extracorpórea. Um campo magnético sob a cadeira gera pulsos que excitam os músculos do períneo, na região da bexiga. O resultado são contrações e descontrações involuntárias e rápidas.
Funciona como uma microginástica localizada. A mulher -calcula-se que haja 7 milhões delas com o problema no Brasil- senta-se vestida no aparelho, 20 minutos, duas vezes por semana. O tratamento todo dura 16 sessões.
Os quatro meses de emprego do tratamento, ainda experimental, vão dar origem a uma tese de doutoramento na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), à qual se vincula o hospital. Quem está reunindo os dados e dando-lhes tratamento estatístico é o urologista Fernando Almeida.
Seu orientador é Homero Bruschini. O urologista da Unifesp foi convidado a apresentar esses resultados preliminares no Congresso da Sociedade Internacional de Continência, realizado em agosto na cidade de Denver (Colorado, oeste dos EUA).
"Talvez sejamos os maiores experimentadores com a cadeira, fora o fabricante", diz Bruschini.
Almeida está trabalhando com uma amostragem de 50 mulheres que já concluíram o tratamento. Todas tinham algum grau de perda urinária. O médico pretende descobrir, detalhando os números, quais são as condições em que a IMEx dá resultados.
O cruzamento dos dados ainda não está pronto, mas Almeida já notou algumas tendências. Por exemplo, que a cadeira parece ser ineficaz contra as incontinências muito graves, aquelas em que ocorre escape de urina mesmo sem qualquer tipo de esforço (como na tosse).
Nesses casos, o mais provável é que a cirurgia permaneça como a melhor indicação. A técnica cirúrgica mais moderna, "sling" (algo como tipóia), utiliza tecido fibroso do abdome ou da coxa para reforçar o assoalho pélvico.
Por outro lado, Almeida verificou que a eficiência da IMEx nos casos de incontinências menos graves é generalizada. Aparentemente, não há perda de eficácia caso a mulher esteja na menopausa ou tenha passado por cirurgias e partos.

Cartões serão pagos
O aparelho, batizado comercialmente como Neocontrol, foi cedido gratuitamente à Unifesp pelo fabricante norte-americano, a empresa Neotonus. O equipamento custa cerca de R$ 60 mil. Ele é acionado por meio de cartões individuais de tratamento, que registram o número de sessões realizadas.
A Unifesp recebeu um lote de cartões que está perto de acabar. A Neotonus já avisou que, daqui para a frente, cada cartão será vendido ao preço de R$ 500. Com isso, avisa Bruschini, a Unifesp terá de encerrar a fase de tratamento inteiramente gratuito, passando a cobrar daqueles pacientes que puderem pagar.


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