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SAÚDE
Unifesp conclui 4 meses de uso experimental de aparelho contra distúrbio urinário, mais comum em mulheres
Cadeira melhora casos de incontinência
MARCELO LEITE
especial para a Folha
A cadeira eletromagnética
IMEx, uma inovação contra a incontinência urinária, saiu melhor
que a encomenda. Quando começou a ser usada no Hospital São
Paulo, contava-se com sucesso só
em 30% dos casos. Resultado:
48% das mulheres tratadas apresentaram melhora.
O nome IMEx quer dizer Inervação Magnética Extracorpórea.
Um campo magnético sob a cadeira gera pulsos que excitam os
músculos do períneo, na região
da bexiga. O resultado são contrações e descontrações involuntárias e rápidas.
Funciona como uma microginástica localizada. A mulher
-calcula-se que haja 7 milhões
delas com o problema no Brasil-
senta-se vestida no aparelho, 20
minutos, duas vezes por semana.
O tratamento todo dura 16 sessões.
Os quatro meses de emprego do
tratamento, ainda experimental,
vão dar origem a uma tese de
doutoramento na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), à
qual se vincula o hospital. Quem
está reunindo os dados e dando-lhes tratamento estatístico é o
urologista Fernando Almeida.
Seu orientador é Homero Bruschini. O urologista da Unifesp foi
convidado a apresentar esses resultados preliminares no Congresso da Sociedade Internacional de Continência, realizado em
agosto na cidade de Denver (Colorado, oeste dos EUA).
"Talvez sejamos os maiores experimentadores com a cadeira,
fora o fabricante", diz Bruschini.
Almeida está trabalhando com
uma amostragem de 50 mulheres
que já concluíram o tratamento.
Todas tinham algum grau de perda urinária. O médico pretende
descobrir, detalhando os números, quais são as condições em
que a IMEx dá resultados.
O cruzamento dos dados ainda
não está pronto, mas Almeida já
notou algumas tendências. Por
exemplo, que a cadeira parece ser
ineficaz contra as incontinências
muito graves, aquelas em que
ocorre escape de urina mesmo
sem qualquer tipo de esforço (como na tosse).
Nesses casos, o mais provável é
que a cirurgia permaneça como a
melhor indicação. A técnica cirúrgica mais moderna, "sling"
(algo como tipóia), utiliza tecido
fibroso do abdome ou da coxa para reforçar o assoalho pélvico.
Por outro lado, Almeida verificou que a eficiência da IMEx nos
casos de incontinências menos
graves é generalizada. Aparentemente, não há perda de eficácia
caso a mulher esteja na menopausa ou tenha passado por cirurgias
e partos.
Cartões serão pagos
O aparelho, batizado comercialmente como Neocontrol, foi cedido gratuitamente à Unifesp pelo
fabricante norte-americano, a
empresa Neotonus. O equipamento custa cerca de R$ 60 mil.
Ele é acionado por meio de cartões individuais de tratamento,
que registram o número de sessões realizadas.
A Unifesp recebeu um lote de
cartões que está perto de acabar.
A Neotonus já avisou que, daqui
para a frente, cada cartão será
vendido ao preço de R$ 500. Com
isso, avisa Bruschini, a Unifesp terá de encerrar a fase de tratamento inteiramente gratuito, passando a cobrar daqueles pacientes
que puderem pagar.
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