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PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Chafariz da igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto (MG), ficou em pedaços
Caminhão destrói monumento de 300 anos
LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
BELO HORIZONTE
Um acidente envolvendo um
caminhão carregado de engradados de cerveja destruiu um monumento de 300 anos, no final da
tarde de anteontem, na cidade
histórica de Ouro Preto (100 km
de Belo Horizonte).
Segundo testemunhas, o motorista descia a rua Randolfo Bretas,
uma das mais íngremes da cidade,
quando perdeu o controle do veículo e se chocou contra o chafariz
da igreja matriz de Nossa Senhora
do Pilar, quebrando-o em vários
fragmentos. A pista estava molhada por causa da chuva.
Logo após o acidente, por volta
das 17h30, o Corpo de Bombeiros
cercou a área e a Polícia Militar foi
chamada para retirar o caminhão
de cima do que sobrara da peça.
No entanto, a Promotoria do
Patrimônio Histórico e Cultural
de Ouro Preto impediu a retirada
do veículo, alegando que o local
poderia ser mais danificado. A
permissão para que o caminhão
fosse retirado acabou sendo concedida, e a operação teve início na
noite de ontem. Até a conclusão
desta edição, ela ainda não havia
sido concluída.
De acordo com Benedito Tadeu
Oliveira, 47, diretor da subrregional do Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico Nacional) em
Ouro Preto, apenas a bacia de baixo do chafariz está intacta. Os
fragmentos estão sendo numerados e fotografados, para uma tentativa de reconstruir o monumento. "Esperamos montá-lo novamente dentro de seis meses."
A Promotoria investiga o caso e
descarta a culpa do motorista. Segundo a promotora Marta Learcher, a empresa de cargas Itaminas Bebidas deverá ser responsabilizada e custear a restauração. A
Agência Folha não conseguiu entrar em contato com o responsável pela transportadora.
O Chafariz do Pilar, como é conhecido, passou por restauração
na década de 60, quando foi descoberto soterrado por uma camada de terra. A Igreja Católica afirma que a construção original é do
período entre 1733 e 1740.
Além de mobilizar os moradores da cidade, que se aglomeraram no local, o acidente também
levanta a discussão sobre a conservação de Ouro Preto, que corre
o risco de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade,
dado pela Unesco em 1980.
Um representante do órgão, ligado à ONU, esteve na cidade entre domingo e terça-feira e deverá
enviar, em dezembro, uma missão técnica para elaborar um relatório sobre os problemas.
A administração de Marisa Xavier Sanz (PDT) tem sofrido críticas por sua suposta inércia diante
da questão da conservação.
"A administração é sem capacidade", disse o padre José Feliciano Simões, há 39 pároco da igreja
matriz de Nossa Senhora.
A prefeitura informou que contratou os serviços de uma empresa para traçar o diagnóstico do
trânsito local e apontar alternativas. O estudo deve ser apresentado ainda nesta semana.
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