São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2004

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Transplante é a única chance de vida

DA REPORTAGEM LOCAL

De cada dez pessoas vítimas de hepatite fulminante, sete vão morrer. A única chance de sobrevivência é um transplante de fígado, que deve acontecer em até 72 horas após o diagnóstico da falência do órgão. Mas nem sempre há garantia de sucesso.
O caso de Denise (o nome é fictício) é emblemático. Moradora de Sorocaba (SP), ela começou a apresentar os sintomas da hepatite (icterícia e perda gradual da consciência) na antevéspera do Natal do ano passado. Conseguiu um órgão compatível no dia seguinte, fez o transplante, mas morreu cinco meses depois devido a complicações. Tinha 30 anos e deixou uma filha de um ano.
Já a história de Lúcia (o nome é fictício), 32, caminha para um final feliz. Em junho último, ela recebeu um fígado novo no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, após receber diagnóstico de falência hepática. Ainda está traumatizada, luta contra pequenas complicações pós-transplante, mas está em casa retomando, aos poucos, a rotina diária.
As vidas dessas duas mulheres se cruzam quando, por motivos distintos, receberam indicação da flutamida. Denise, por acne. Lúcia, por alopécia.
Ambas foram parar nas mãos do médico Ben-Hur Ferraz Neto, professor titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da PUC-SP e especialista em fígado, pâncreas e vias biliares, responsável pelos transplantes nas duas mulheres.
Segundo Ferraz Neto, todos os outros fatores de risco para hepatite fulminante foram excluídos, exceto o fato de ambas terem usado flutamida dias ou semanas antes de apresentarem o quadro.
Para ele, além do fato de ser um remédio não aprovado para uso dermatológico, há uma questão ainda mais grave: várias pessoas estão utilizando o remédio por indicação de amigos, vizinhos ou parentes. "As pessoas ficam deslumbradas com o efeito estético e desconhecem que podem morrer em razão dela", diz. (CC)

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