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Transplante é a única chance de vida
DA REPORTAGEM LOCAL
De cada dez pessoas vítimas de
hepatite fulminante, sete vão
morrer. A única chance de sobrevivência é um transplante de fígado, que deve acontecer em até 72
horas após o diagnóstico da falência do órgão. Mas nem sempre há
garantia de sucesso.
O caso de Denise (o nome é fictício) é emblemático. Moradora
de Sorocaba (SP), ela começou a
apresentar os sintomas da hepatite (icterícia e perda gradual da
consciência) na antevéspera do
Natal do ano passado. Conseguiu
um órgão compatível no dia seguinte, fez o transplante, mas
morreu cinco meses depois devido a complicações. Tinha 30 anos
e deixou uma filha de um ano.
Já a história de Lúcia (o nome é
fictício), 32, caminha para um final feliz. Em junho último, ela recebeu um fígado novo no hospital
Oswaldo Cruz, em São Paulo,
após receber diagnóstico de falência hepática. Ainda está traumatizada, luta contra pequenas complicações pós-transplante, mas
está em casa retomando, aos poucos, a rotina diária.
As vidas dessas duas mulheres
se cruzam quando, por motivos
distintos, receberam indicação da
flutamida. Denise, por acne. Lúcia, por alopécia.
Ambas foram parar nas mãos
do médico Ben-Hur Ferraz Neto,
professor titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de
Ciências Médicas da PUC-SP e especialista em fígado, pâncreas e
vias biliares, responsável pelos
transplantes nas duas mulheres.
Segundo Ferraz Neto, todos os
outros fatores de risco para hepatite fulminante foram excluídos,
exceto o fato de ambas terem usado flutamida dias ou semanas antes de apresentarem o quadro.
Para ele, além do fato de ser um
remédio não aprovado para uso
dermatológico, há uma questão
ainda mais grave: várias pessoas
estão utilizando o remédio por indicação de amigos, vizinhos ou
parentes. "As pessoas ficam deslumbradas com o efeito estético e
desconhecem que podem morrer
em razão dela", diz. (CC)
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