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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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Nome está em mapa do séc. 17

DA ENVIADA AO LITORAL NORTE

A ilha Monte de Trigo possui escassa documentação além do relato oral. Aparece nos mapas com esse nome já no século 17, mas não se sabe quando começou a ser povoada.
Os nativos acreditam na história dos dois casais de irmãos fundadores. Há quem fale em naufrágio. Já seu Maneco, o mais velho morador, diz que foram três homens que teriam chegado à ilha, em meados do século 18.
O professor Eduardo Schiavone Cardoso, que fez sua tese de mestrado em geografia humana sobre as ilhas habitadas do Montão e da Vitória, próxima à Ilhabela, encontrou um relato de Euclydes da Cunha de 1902, que fala em Vitória e Búzios, a mais habitada ilha da região, como postos de vigilância para burlar a repressão ao tráfico negreiro.
Coincidência ou não, no Montão há uma pedra chamada até hoje de "espia-barco", utilizada para observar se as embarcações a motor que vão ou voltam de Una correm perigo.
O sotaque dos moradores da ilha também foi tema de estudo: falam um "a" aberto em palavras como banana ("banána") ou cama ("cáma").
"O isolamento pode ter criado ambiente propício para a diferenciação da língua e também os manteve menos sujeitos à influência do grupo linguístico dominante", diz Luciana Storto, professora de linguística da USP.
E quem nasce em Montão de Trigo é o quê? Embora sejam Oliveiras, o geógrafo os nomeou "monteiros". Eles próprios se consideram apenas ilhéus.



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