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Para Lula, situação de Pires é insustentável
Presidente também espera o pedido de demissão de Luiz Carlos Bueno do comando da Aeronáutica e de Félix do GSI
Tarso Genro e Ronaldo
Sardenberg, embaixador do
Brasil na ONU, foram nomes
cogitados para assumir
o Ministério da Defesa
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os dois meses de crise na
aviação e o caos de anteontem
nos principais aeroportos do
país levaram o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva a considerar insustentável a permanência de Waldir Pires no Ministério da Defesa, a de Luiz Carlos
Bueno no comando da Aeronáutica e a do general Jorge Armando Félix no GSI (Gabinete
de Segurança Institucional).
A Folha apurou que o presidente gostaria que os três pedissem demissão para facilitar
as substituições e dar a elas um
caráter de naturalidade, pois
pretende fazer a reforma do
ministério até o Natal.
Lula já estuda nomes para a
Defesa e o GSI. Por exemplo: o
embaixador do Brasil na ONU
(Organização das Nações Unidas), Ronaldo Sardenberg, que
esteve ontem com o presidente, é cotado para as duas posições. Sardenberg transita bem
no meio militar.
Tarso Genro (Relações Institucionais) é lembrado para a
Defesa, apesar de ter aumentado muito nos últimos dias a
chance de substituir Márcio
Thomaz Bastos na Justiça.
Lula reluta em demitir Pires.
Acha que fazê-lo seria "crucificar" um político de 80 anos e
que teve bom desempenho na
CGU (Corregedoria Geral da
União). Mas não vê nele habilidade para resolver a crise.
A principal queixa de Lula é a
seguinte: até hoje ele não sabe
se há um boicote dos controladores ou se de fato eles não
possuem equipamento e condições de trabalho para atender à
atual demanda de vôos.
Sobre Bueno, Lula crê que
ele permitiu insubordinação de
auxiliares durante a crise e não
conseguiu mandar nos controladores, a maioria militar.
A respeito de Félix, o presidente avalia que o general chefia um serviço secreto que não
descobre segredos e não lhe informa, por exemplo, se houve
sabotagem anteontem ao sistema de rádio do Cindacta-1.
Em reunião de emergência
anteontem à noite, Lula disse
que achava "muita coincidência" a falha no Cindacta-1 ocorrer numa hora de queda-de-braço do governo com os controladores de vôo. Lula falou
que parecia "sabotagem", nas
palavras de auxiliares diretos.
Essa hipótese foi considerada como a principal causa do
caos aéreo de anteontem na
reunião da qual participaram
Lula, Pires, Dilma, Bueno, Félix e o diretor-geral da Anac,
Milton Zuanazzi.
Lula determinou aos auxiliares que checassem com rigor a
hipótese de sabotagem. E disse
a Dilma, que chefiará por ora o
"gabinete de crise", que providenciasse recursos para o reforço do sistema de radares de
todo o país, em especial se ficar
provado que não houve sabotagem, mas uma falha devido à
antigüidade dos aparelhos ou à
eventual falta de manutenção.
Segundo auxiliares, o presidente disse que deseja "resolver de
vez" o problema.
Possíveis nomeações
Os militares vêem com simpatia a eventual nomeação de
Sardenberg para a Defesa ou o
GSI, pois é um especialista em
estratégia. Cotado para a Embaixada em Lisboa até o Itamaraty saber que Lula o cogitava
para outro cargo, "perto dele",
Sardenberg esteve ontem à tarde no Palácio do Planalto.
Tarso, que já teve a possibilidade de ir para a Defesa, viu seu
nome crescer para substituir
Thomaz Bastos. Quando voltou
ao governo em 2005, após passagem pela presidência do PT,
achava que iria para a Defesa.
Acabou na articulação política,
pois Jaques Wagner, então ministro das Relações Institucionais, sairia candidato.
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