São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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Abstenção no Enem, de 39,5%, é recorde

Ministério da Educação divulgou em site o gabarito oficial errado das provas de sábado e domingo e teve de tirá-lo ar

Questões estavam "embaralhadas", segundo o governo; divulgação de gabarito certo foi prometida para hoje, às 10h

Lalode Almeida/Folha Imagem
Estudante faz a prova do Enem na Uninove Vergueiro, ontem, em São Paulo; abstenção no Estado chegou a 46,9% no sábado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois meses após o adiamento devido ao vazamento da prova, o Enem 2009 registrou novos problemas neste fim de semana, durante a aplicação do exame: o gabarito oficial divulgado pelo Ministério da Educação estava errado, a abstenção foi a maior da história e houve confusão na entrada dos candidatos em diversos locais da avaliação.
Ontem, por cerca de seis horas, o site do Inep (órgão do MEC responsável pelo exame que avalia o ensino médio) divulgou gabarito em que, dependendo da versão da prova (eram quatro para cada dia), havia uma resposta indicada como correta. O gabarito foi retirado do ar e o correto foi prometido para as 10h de hoje.
Horas antes, representantes do governo Lula responsáveis pelo exame já haviam informado que a abstenção foi a maior dos 11 anos de prova.
Segundo dados preliminares, 39,5% dos candidatos não compareceram. Em números absolutos, significa que, dos 4,1 milhões de inscritos, cerca de 1,5 milhão faltou à prova. No ano passado, foram 27,3%.

Desistências
O grande número de ausências ocorreu, diz o Inep, porque várias universidades desistiram de usar o Enem por conta do adiamento -o novo prazo para divulgação dos resultados era incompatível com o ano letivo. Esse foi o caso, por exemplo, de USP, Unicamp e PUC-SP.
Para o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, muitos estudantes se desestimularam em razão da desistência de universidades. O Estado de São Paulo registrou a maior abstenção do país (46,9% no sábado).
O próprio período entre a data inicial e a que a prova foi aplicada prejudicou o exame, diz Fernandes. "Neste período, acontecem coisas na vida das pessoas, e elas podem desistir."
Coordenadores de cursinhos criticaram também a logística adotada pelo MEC. Alunos reclamaram que os locais de prova eram distantes e mudaram da primeira para a segunda data, o que causou confusão.
No sábado, houve dificuldades em diversos pontos do país para a entrada dos candidatos.
Na UnG (Universidade de Guarulhos), uma fila se formou na entrada e, segundo os alunos, pessoas que chegaram no horário certo ficaram de fora quando os portões foram fechados. Na Uninove da Vila Maria (zona norte de SP), alunos reclamaram que o local foi fechado antes do previsto.
Para o presidente do Instituto Henfil, Mateus Prado, o Enem deste ano "foi uma bagunça geral" -ele dá consultoria para escolas privadas sobre o exame e mantém um cursinho para alunos de baixa renda.
Segundo a Folha apurou, haverá demissões no Inep por conta dos erros. (ANGELA PINHO, FABIANA REWALD, FÁBIO TAKAHASHI, TALITA BEDINELLI e AMANDA DEMETRIO)


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