São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Rio vive "conflito armado aberto", vê Cruz Vermelha

Narrativa de um integrante da instituição consta de documento confidencial do consulado americano

Segundo ele, as UPPs são importantes, mas insuficientes para mudar o panorama da segurança na cidade

DO RIO

Um documento confidencial do Consulado dos Estados Unidos relata narrativa reservada de um integrante da Cruz Vermelha, que atua em sete favelas do Rio, dizendo que a cidade "vive conflito armado interno aberto, não tem simplesmente problemas de crime urbano".
Usando sua experiência em guerras de três países em que atuou e amparado em definição da Convenção de Genebra, ele afirma que a situação no Rio é de "conflito interno".
Segundo ele, a cidade enfrenta "facções organizadas que mantêm o monopólio da violência em áreas que controla, conflitando com forças rivais ou do Estado".
O cônsul norte-americano no Rio, Dennis W. Hearne, encontrou-se no dia 23 de outubro com esse integrante da ONG, que trabalha em sete favelas cariocas: Maré, Parada de Lucas, Cidade de Deus, Cantagalo, Pavão/Pavãozinho, Complexo do Alemão e Vila Vintém.
De acordo com o consulado americano, ele não assumiria em público sua avaliação de que a cidade vive um "conflito interno" devido às "sensibilidades brasileiras" para o tema.
A Cruz Vermelha atua em países como Haiti, Uganda e Serra Leoa, com o objetivo de criar "espaços humanitários" em áreas de conflito em favelas.

"ÁREAS SEGURAS"
De acordo com esse integrante da organização, isso significa convencer facções criminosas a reconhecer certos locais, como escolas e clínicas, como "áreas seguras", em ataques, além de trabalhar para trazer suprimentos para pessoas que estão isoladas, no que chamou de "favela da favela".
Para os norte-americanos ele disse que aplaudia as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), apontadas como importantes para reduzir o estigma de quem vive em favelas da cidade.
Mas afirmou ainda que não acredita que elas sejam suficientes para mudar o panorama de segurança pública do Rio.

SEM "RAMBOS"
O documento reservado do consulado norte-americano comenta que é "consenso que é hora de enfrentar a praga da violência no Rio de maneira decisiva".
Cita um comandante de UPP afirmando que a polícia fluminense precisa de "renovação e mentes fortes, não de um Rambo".
(PLÍNIO FRAGA)


Texto Anterior: Aos EUA, Rio previu ação "traumática" no Alemão
Próximo Texto: Documentos são vazados pelo WikiLeaks
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.