São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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SILVINA ROSA DE JESUS (1888-2008)

Todo o século 20 e mais alguns anos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Silvina, consta nos registros, nasceu em 1888, na pequena Jacaraci, na BA, o que lhe garantiu a marca de 120 anos vividos. Uma das filhas, Anilita, 63, conta que a longevidade é comum à família. "Minha avó viveu 125 anos."
A cidade em que Silvina Rosa de Jesus nasceu tem hoje 14.346 moradores e tira da agropecuária parte de sua renda. Assim como os pais, ela trabalhou na lavoura.
Os filhos começaram a vir a São Paulo em busca de melhores condições de vida. Quando perdeu a mãe, mudou-se também, em 1973.
Já estava viúva. Ainda na BA, recebera a notícia de que o pai de seus filhos, um português que viajava vendendo mercadorias, havia morrido. Na época, Anilita, a caçula, ainda era criança pequena.
"Não sabemos do que ele morreu, mas sabíamos que tinha outra família", lembra a filha, que se diz arrependida por não ter ido atrás do pai. "Se fosse, poderia ter dado mais coisas a minha mãe."
Aos prantos, a filha lembra que o sonho da mãe era ter um quarto. Sem que a casa em que moravam, no Butantã, na zona oeste da capital, tivesse condições de acomodar todos seus moradores, Silvina dormia na cozinha.
Lúcida até os últimos dias, gostava de costurar e fazia as próprias roupas. Sobre as recordações, contava que havia conhecido escravos recém-libertos. "Mas a gente não sabia nada do que acontecia no país, as notícias não chegavam pra gente", diz Anilita.
Morreu dois dias após o Natal, em consequência de uma pneumonia. Teve seis filhos, 36 netos, incontáveis bisnetos e dez trinetos.

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