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SILVINA ROSA DE JESUS (1888-2008)
Todo o século 20 e mais alguns anos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Silvina, consta nos registros, nasceu em 1888, na pequena Jacaraci, na BA, o que
lhe garantiu a marca de 120
anos vividos. Uma das filhas,
Anilita, 63, conta que a longevidade é comum à família.
"Minha avó viveu 125 anos."
A cidade em que Silvina
Rosa de Jesus nasceu tem
hoje 14.346 moradores e tira
da agropecuária parte de sua
renda. Assim como os pais,
ela trabalhou na lavoura.
Os filhos começaram a vir
a São Paulo em busca de melhores condições de vida.
Quando perdeu a mãe, mudou-se também, em 1973.
Já estava viúva. Ainda na
BA, recebera a notícia de que
o pai de seus filhos, um português que viajava vendendo
mercadorias, havia morrido.
Na época, Anilita, a caçula,
ainda era criança pequena.
"Não sabemos do que ele
morreu, mas sabíamos que
tinha outra família", lembra
a filha, que se diz arrependida por não ter ido atrás do
pai. "Se fosse, poderia ter dado mais coisas a minha mãe."
Aos prantos, a filha lembra
que o sonho da mãe era ter
um quarto. Sem que a casa
em que moravam, no Butantã, na zona oeste da capital,
tivesse condições de acomodar todos seus moradores,
Silvina dormia na cozinha.
Lúcida até os últimos dias,
gostava de costurar e fazia as
próprias roupas. Sobre as recordações, contava que havia
conhecido escravos recém-libertos. "Mas a gente não sabia nada do que acontecia no
país, as notícias não chegavam pra gente", diz Anilita.
Morreu dois dias após o
Natal, em consequência de
uma pneumonia. Teve seis
filhos, 36 netos, incontáveis
bisnetos e dez trinetos.
obituario@grupofolha.com.br
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