|
Próximo Texto | Índice
SAÚDE
A cada cem imóveis do bairro, foram achados 6,1 recipientes com focos do mosquito; Jardim Ângela não está infestado
Risco de dengue é maior em Perdizes
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O distrito de Perdizes, área nobre de São Paulo, tem o maior nível de infestação pelo mosquito
da dengue da capital paulista.
O índice de 6,1% encontrado no
distrito da zona oeste de São Paulo significa que, a cada cem imóveis pesquisados, foram encontrados 6,1 recipientes (como vasos
de plantas, pratinhos e calhas d'água) com focos do Aedes aegypti.
Esse levantamento foi o primeiro realizado pela Prefeitura de São
Paulo para calcular a densidade
da infestação na cidade. O município utilizou a metodologia do
índice de Breteau.
O resultado é também um indicador do risco de transmissão da
dengue. Quanto maior a presença
de insetos, maior é a possibilidade
de algum deles picar uma pessoa
contaminada e iniciar a disseminação do vírus da doença.
Um índice alto sinaliza ainda
que, se a transmissão da doença
começar, será mais difícil de controlá-la. Em dezembro passado, o
Ministério da Saúde definiu que
um índice igual ou superior a 1% é
sinal de eminente perigo à saúde
pública e demanda intensificação
das ações de controle. Foi em 2002
que o órgão padronizou o Breteau
como medidor da densidade de
larvas do mosquito.
Dos 96 distritos administrativos
paulistanos, 52 foram pesquisados pela prefeitura por já terem
infestação anteriormente detectada, seguindo a orientação do ministério. Dos pesquisados, 26 tiveram índice igual ou superior a 1%.
A prefeitura não conseguiu concluir ainda o cálculo do índice
médio da cidade, que será parâmetro para o ministério.
Antes de adotar o índice, o município, assim como a maior parte
das cidades infestadas pelo mosquito da dengue no Estado de São
Paulo, fazia o combate sem um
dado que orientasse as atividades.
Costumava apenas contar os focos do mosquito encontrados.
Mas, por não utilizar o índice de
Breteau, não podia relativizar o
dado. Quando verificava que o
número de focos havia diminuído
de um mês para outro, a informação não era suficiente para que a
prefeitura tivesse certeza de que o
combate dera resultados.
Um menor número de focos
podia significar, por exemplo, que
as equipes de agentes sanitários
tinham reduzido a intensidade do
trabalho e por isso encontrado
menos criadouros.
O índice é uma forma mais refinada de avaliação, que permite
identificar até o tipo de criadouro
predominante. Ele é o resultado
de vistorias em várias áreas com o
mesmo critério, durante o mesmo
período e com uma frequência
determinada. A prefeitura quer
fazer a análise a cada 15 dias.
No ano passado, estimativa feita
pela Sucen (Superintendência de
Controle de Endemias) revelou
que pelo menos metade dos então
485 municípios paulistas infestados pelo mosquito da dengue faziam o combate ao inseto sem
realizar a medição do índice. A
Sucen está atualizando os dados.
Exclusão e inclusão
Para técnicos da prefeitura, o alto índice de Perdizes "quebra" o
preconceito de que a infestação é
problema só da periferia -e é um
alerta para moradores da região
nobre. "Isso não só mostra que
não há diferença social significativa [no padrão de infestação", mas
também como o mosquito se
adapta", disse o secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge.
Perdizes ficou entre os distritos
com melhores condições sociais
da cidade no Mapa da Exclusão/
Inclusão Social da PUC-SP, em 7º
lugar no "ranking" das regiões
com maior inclusão. O estudo foi
divulgado no ano passado.
A população de 102.160 moradores do distrito tem taxa de alfabetização de 97,9%, renda média
do responsável pelos domicílios
de R$ 3.747 e vivem em excelentes
condições sanitárias.
O distrito do Jardim Ângela, na
periferia da zona sul, que no mapa
era o que estava em pior condição
social, não está infestado. No local
vivem 243.845 pessoas. A taxa de
alfabetização é de 86,6%, a renda
média dos responsável pelos domicílio, R$ 568. Apenas 75% das
residências do Jardim Ângela têm
esgoto ou fossa séptica e 95,6%,
abastecimento de água.
Próximo Texto: Medo e "não-convivência" explicam índice Índice
|