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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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AMBIENTE

Produto, que se espalhou por 5 km, causou irritações em moradores de 11 bairros

Nuvem de gás tóxico atinge Rio Claro

Ricardo Lima/Folha Imagem
Instalações da Nheel Química, em Rio Claro, onde houve vazamento de gás anteontem à noite


DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

Uma nuvem de gás ácido cloro-sulfônico atingiu na noite de anteontem 11 bairros de Rio Claro (175 km de SP), provocando pânico entre moradores devido à reação ao produto.
O gás pode matar por asfixia ou causar pneumonite química (processo inflamatório agudo dos brônquios, gerado por produto químico), segundo toxicologistas.
O gás vazou, por cinco minutos, da Nheel Química, que produz cloreto férrico para tratamento de água, e se espalhou por um raio de 5 km, segundo a Cetesb (agência ambiental paulista). O setor onde houve o vazamento foi lacrado.
A Cetesb deve concluir relatório e autuar a empresa na próxima segunda-feira. Em 2002, ela foi autuada por um vazamento que atingiu o rio Corumbataí, causando mortandade de peixes, segundo o gerente da Cetesb de Piracicaba, Aldo José Colaboni.
A espessa nuvem de gás cobriu os 11 bairros como uma neblina e chegou a entrar em casas, segundo moradores. "Senti o cheiro dentro do meu carro. Era muito forte, minha garganta e meus olhos começaram a doer. Tive muito medo", disse a recepcionista Rosana Perinotto, 41, que voltava do trabalho com três amigas.
Segundo a Secretaria da Saúde de Rio Claro, três pessoas que tiveram contato com o gás (uma mulher de 20 anos, um homem de 36 e uma criança de nove), com sintomas de intoxicação, como irritação nos olhos, tosse, dores no peito e dificuldade para respirar, foram atendidas e liberadas.
Segundo a Polícia Militar Florestal, outras quatro pessoas tiveram os mesmos sintomas e foram atendidas em postos médicos.
A maior preocupação da saúde pública local é que as pessoas que inalaram o produto possam apresentar problemas futuros. "É uma situação grave, dependendo da quantidade. É necessário acompanhamento", diz Angelo Trapé, coordenador da área de saúde ambiental da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Por ser ácido, há risco de vida", afirma Anthony Wong, coordenador do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica), da USP (Universidade de São Paulo).
A empresa não se manifestou sobre o vazamento. A reportagem esteve na Nheel Química, em Rio Claro, e procurou seus representantes duas vezes por telefone.
A polícia deve abrir inquérito na segunda para apurar crime ambiental, cuja pena varia de um a quatro anos de reclusão.


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