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Salgueiro e Imperatriz foram as que mais animaram o público; Beija Flor e Mocidade Independente também têm chances; TV transmite resultado da apuração hoje à tarde
Quatro escolas disputam título de campeã no Rio
Juca Varella/Folha Imagem
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Passiatas da Salgueiro no desfile de anteontem, cujo enredo abordou a chegada da família real portuguesa no século 19; a escola foi superior na parte musical |
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
Pelo menos quatro escolas podem levar o título de campeã do
Carnaval no Rio. Num desfile
marcado pelo luxo -a prefeitura
deu R$ 500 mil a cada uma para se
preparar-, não houve uma em
especial que recebesse a aclamação total do público. Em compensação, cinco deixaram a avenida
sob o grito de "campeã". O resultado será conhecido hoje à tarde.
Salgueiro e Imperatriz, que passaram na noite de segunda-feira,
foram as que apresentaram os
desfiles mais empolgantes, considerando o conjunto. O Salgueiro
foi superior na parte musical
-bateria e samba-enredo-, o
que garantiu uma resposta mais
animada das arquibancadas.
Beija Flor, penúltima a desfilar
na segunda, e Mocidade, destaque solitário de domingo com um
enredo sobre as cores da bandeira
brasileira, também têm chances.
Passaram bem, sem cometer erros à luz do regulamento.
Além dessas, a Mangueira foi
aclamada na praça da Apoteose,
mas é pouco provável que a escola
escape de perder por buracos
criados entre as alas devido à quebra de três carros alegóricos.
A Viradouro, que fechou na
madrugada de ontem a maratona
de desfiles, e a Unidos da Tijuca,
que abriu a noite de segunda-feira, também podem ficar entre as
cinco primeiras e participar do
Desfile das Campeãs, no sábado.
Coube ao Salgueiro, com um
enredo aparentemente banal -a
chegada da família real portuguesa ao Brasil e suas consequências
para o país-, dar um quê de inovação e ousadia ao desfile monotemático deste ano, sobre os 500
anos do Descobrimento.
Narrativa fácil
O carnavalesco Mauro Quintaes dividiu o tema em duas partes: uma narrativa, contando,
com fantasias de belo efeito e facílimo entendimento, as origens da
vinda da família real e o fato histórico em si; outra futurista, em que
pierrôs com guitarras elétricas e
arlequins de capacetes prateados
precediam a ala de "navegantes
do futuro" -crianças vestindo
computadores na cabeça para
"navegar" na Internet.
A Imperatriz passou, como
sempre, de maneira impecável
para contar o Descobrimento do
Brasil. Se algo pode derrubá-la, é o
samba, apesar do esforço da escola em cantá-lo. As fantasias eram
de alto luxo, e as alegorias, nem se
fala. Tudo no mais puro estilo Rosa Magalhães, caprichado e detalhista ao extremo.
No caso da Beija Flor, o ponto
fraco é o enredo, confuso, sobre
uma "conspiração celestial" que
determinou o Brasil como "pátria
de todos os povos". O forte são as
alegorias, especialmente duas:
uma de navio negreiro e outra retratando uma favela.
A Viradouro, do sempre imprevisível Joãosinho Trinta, trouxe
um enredo sobre os "paraísos e
infernos" vividos pelos índios e
brancos na história do país. Dentro dessa visão alegórica, estava
tudo de acordo. O que faltou à escola foi mais punch, apesar dos
esforços de mestre Ciça e sua bateria para sacudir o público.
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