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POLÊMICA BAIANA
Para Luiz Caldas, que lançou a música em 1985, falta qualidade às bandas
Criador do axé critica o ritmo
JOSÉLIA AGUIAR
enviada especial a Salvador
A geléia de ritmos chamada axé
music completa neste Carnaval 15
anos com empresários demais e
músicos de menos.
Não é mais um dos críticos do
gênero, considerado em crise,
quem diz isso, e sim seu próprio
precursor, Luiz Caldas, 37. Foi ele
quem alçou a axé music às paradas nacionais quando lançou, em
85, a polêmica música "Fricote"
(Nega do cabelo duro/que não
gostar de pentear...), que despertou a ira de entidades negras pelo
suposto teor racista.
Na época, o disco "Magia", que
incluía a canção, vendeu quase 1
milhão de cópias e contribuiu para tornar conhecidos nacionalmente outros nomes da música
baiana feita para o Carnaval
-entre eles, Olodum, Chiclete
com Banana, Daniela Mercury e
Carlinhos Brown, que foi percussionista da banda Acordes Verdes, de Luiz Caldas.
O rei do Fricote critica os "empresários donos de bandas e os artistas donos de tudo, sem tempo
para se preocupar com a música".
Mas defende o gênero. "A axé
music é uma adolescente que
cumpre o objetivo de divertir."
No Carnaval baiano que homenageia os 15 anos do ritmo (além
dos 500 anos de Descobrimento e
50 anos de trio elétrico), Caldas
está de fora dos holofotes.
Na segunda-feira, ele fazia show
em Mucuri (BA), a 14 horas de
ônibus de Salvador, por um cachê
melhor. Na festa deste ano, sai
num trio independente, que tem
apenas patrocínio oficial. O músico passou anos sem gravar.
Em 1999, lançou "Luiz Caldas e
convidados", com 14 antigos sucessos. O compositor diz que não
está hoje nas paradas porque se
recusa a pagar para que as rádios
toquem sua música. E também
porque não é um empresário. "Se
eu fosse um, estaria milionário,
pois fui eu quem criou isso tudo."
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