São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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POLÊMICA BAIANA
Para Luiz Caldas, que lançou a música em 1985, falta qualidade às bandas
Criador do axé critica o ritmo

JOSÉLIA AGUIAR
enviada especial a Salvador

A geléia de ritmos chamada axé music completa neste Carnaval 15 anos com empresários demais e músicos de menos.
Não é mais um dos críticos do gênero, considerado em crise, quem diz isso, e sim seu próprio precursor, Luiz Caldas, 37. Foi ele quem alçou a axé music às paradas nacionais quando lançou, em 85, a polêmica música "Fricote" (Nega do cabelo duro/que não gostar de pentear...), que despertou a ira de entidades negras pelo suposto teor racista.
Na época, o disco "Magia", que incluía a canção, vendeu quase 1 milhão de cópias e contribuiu para tornar conhecidos nacionalmente outros nomes da música baiana feita para o Carnaval -entre eles, Olodum, Chiclete com Banana, Daniela Mercury e Carlinhos Brown, que foi percussionista da banda Acordes Verdes, de Luiz Caldas.
O rei do Fricote critica os "empresários donos de bandas e os artistas donos de tudo, sem tempo para se preocupar com a música". Mas defende o gênero. "A axé music é uma adolescente que cumpre o objetivo de divertir."
No Carnaval baiano que homenageia os 15 anos do ritmo (além dos 500 anos de Descobrimento e 50 anos de trio elétrico), Caldas está de fora dos holofotes.
Na segunda-feira, ele fazia show em Mucuri (BA), a 14 horas de ônibus de Salvador, por um cachê melhor. Na festa deste ano, sai num trio independente, que tem apenas patrocínio oficial. O músico passou anos sem gravar.
Em 1999, lançou "Luiz Caldas e convidados", com 14 antigos sucessos. O compositor diz que não está hoje nas paradas porque se recusa a pagar para que as rádios toquem sua música. E também porque não é um empresário. "Se eu fosse um, estaria milionário, pois fui eu quem criou isso tudo."



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