São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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TRANSPORTE

Paralisação de três horas pela manhã prejudicou mais de 700 mil; prefeitura e empresários ainda não chegam a acordo

Greve dos ônibus acaba, mas crise não

Robson Ventura/Folha Imagem
Passageiros pegam ônibus lotado no largo 13 de Maio, em Santo Amaro, uma das regiões mais afetadas pela paralisação da categoria


DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas de ônibus de São Paulo fizeram uma paralisação em mais de metade das garagens na madrugada de ontem, ameaçaram radicalizar com greve total, mas voltaram atrás depois que as viações prometeram pagar os salários atrasados até amanhã.
Os serviços devem ser mantidos hoje sem interrupção, embora a situação do transporte seguisse sob impasse. Até a meia-noite, empresários continuavam reunidos com integrantes da prefeitura para discutir reajustes ao setor.
A mobilização dos condutores prejudicou 727 mil passageiros até as 6h -de um total superior a 5 milhões por dia. Por conta da determinação do sindicato dos condutores de liberar a partida dos veículos nesse horário, houve superlotação. Os serviços voltaram ao normal só após as 8h.
A paralisação teve impacto no comércio -lojas abriram mais tarde em vários pontos.
Segundo a Secretaria dos Transportes, das 29 garagens do sistema, 16 atrasaram a saída dos ônibus. Elas são ligadas a dois empresários que dominam há décadas os ônibus em São Paulo: José Ruas Vaz e Belarmino Marta.
Os trabalhadores reivindicavam os depósitos dos salários, que deveriam ter sido feitos na última sexta-feira, e ameaçavam ontem à tarde iniciar greve por tempo indeterminado a partir de hoje.
Mas Isao Hosogi, presidente do sindicato da categoria, disse que recebeu a promessa das empresas de pagar os salários até amanhã -colocando fim ao movimento.
A oferta dos patrões ocorreu às 19h30, quando eles já estavam reunidos com a gestão José Serra (PSDB), que obteve liminar na Justiça contra uma nova greve.
A mobilização dos condutores se deu em meio à pressão das viações por reajuste da remuneração e pagamento de dívidas antigas, incluindo R$ 17 milhões de 2004.
Anteontem, numa ação inédita, seis dos oito consórcios protocolaram um pedido para a rescisão dos contratos firmados em 2003, que foi negada pela prefeitura.
As viações alegavam não ter mais condições financeiras. A decisão colocou Serra em situação delicada às vésperas da definição sobre a sua candidatura à Presidência. Ontem ele cancelou viagem a Goiás devido ao impasse.
A ação articulada -reivindicação das viações seguida por greve- reabriu as acusações sobre a existência de locaute. Muitos motoristas nem sabiam que deveriam parar ontem. "Isso não tem nada a ver com a gente. É problema político", afirmou Oswaldo Ferreira Borges, que trabalha em uma viação do Consórcio Plus.
(ALENCAR IZIDORO, FABIO SCHIVARTCHE E LUÍSA BRITO)

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