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JODIS TORIGOE (1946-2009)
O ferramenteiro que se aventurou no Japão por sua família
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Jodis Torigoe conhecia
bem martelos, alicates, soquetes, chaves de todos os tipos e tamanhos, esmerilhadeiras e furadeiras. Não à toa,
era o ferramenteiro da firma.
Na casa dos 43, 44, o filho
de japoneses nascido em Lutécia (SP) perdeu o emprego.
Bateu de porta em porta em
busca de um novo serviço.
Casado e com três filhos,
cansou-se de esperar que o
emprego caísse do céu. Sem
nenhum contato, partiu para
o Japão pela primeira vez em
1992, a trabalho. Como lembra a mulher, Cecília (ou Takako Torigoe, em seu nome
japonês), Jodis foi ser peão
naquele país.
Da primeira vez, ficou um
ano e quatro meses trabalhando na área da construção
civil. No começo, teve dificuldades com a língua: chaves de
todos os tipos e tamanhos
eram as mesmas, mas seus
nomes não. Quando lhe pediam alguma ferramenta, ficava em dúvida sobre qual
era. De 1992 a 2006, Jodis foi
e voltou do Japão umas quatro, cinco vezes. Uma vez lá,
mandava dinheiro para a família. "Ele dizia que lá não tinha violência, não tinha essa
preocupação", diz a mulher.
De preocupação ele não
gostava. Antes de morrer na
terça, aos 62, após uma parada cardiorrespiratória, adorava ir pescar. Deixa viúva e três
filhos. A missa de sétimo dia
será hoje, às 8h, na paróquia
N. Sra. Aparecida, em SP.
obituario@grupofolha.com.br
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