São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

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JODIS TORIGOE (1946-2009)

O ferramenteiro que se aventurou no Japão por sua família

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Jodis Torigoe conhecia bem martelos, alicates, soquetes, chaves de todos os tipos e tamanhos, esmerilhadeiras e furadeiras. Não à toa, era o ferramenteiro da firma.
Na casa dos 43, 44, o filho de japoneses nascido em Lutécia (SP) perdeu o emprego. Bateu de porta em porta em busca de um novo serviço.
Casado e com três filhos, cansou-se de esperar que o emprego caísse do céu. Sem nenhum contato, partiu para o Japão pela primeira vez em 1992, a trabalho. Como lembra a mulher, Cecília (ou Takako Torigoe, em seu nome japonês), Jodis foi ser peão naquele país.
Da primeira vez, ficou um ano e quatro meses trabalhando na área da construção civil. No começo, teve dificuldades com a língua: chaves de todos os tipos e tamanhos eram as mesmas, mas seus nomes não. Quando lhe pediam alguma ferramenta, ficava em dúvida sobre qual era. De 1992 a 2006, Jodis foi e voltou do Japão umas quatro, cinco vezes. Uma vez lá, mandava dinheiro para a família. "Ele dizia que lá não tinha violência, não tinha essa preocupação", diz a mulher.
De preocupação ele não gostava. Antes de morrer na terça, aos 62, após uma parada cardiorrespiratória, adorava ir pescar. Deixa viúva e três filhos. A missa de sétimo dia será hoje, às 8h, na paróquia N. Sra. Aparecida, em SP.

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