ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros trabalhos de Sergio Gasparian foram numa sociedade com dois amigos, a City, construtora que ergueu prédios em SP.
Um dia, o rapaz, formado em engenharia civil pelo Mackenzie e em administração pela FGV, foi intimado pela mãe a trabalhar com a família. O Grupo Gaspar Gasparian Industrial, que levava o nome do pai, era dono de empresas têxteis e alimentícias.
Sergio atendeu ao chamado. Um de seus irmãos, Fernando Gasparian, com quem foi trabalhar, mais tarde seria proprietário do jornal "Opinião", de oposição ao regime militar, e da editora Paz e Terra -seria ainda deputado federal pelo PMDB.
O grupo foi forte até os anos 70. Cláudio, filho de Sergio, conta que se dizia na época que o governo torcia o nariz para empresas dos Gasparian.
No começo da década, o grupo foi sendo desfeito.
Sergio, então, mudou-se para os EUA. Foi trabalhar com comércio internacional, representando indústrias brasileiras. E voltou a fazer o que gostava: construir casas.
Com uma crise no mercado imobiliário, nos anos 80, ele voltou ao Brasil. Aqui, trabalhou para imobiliárias e criou a própria, a Gasparian Imóveis, a que se dedicava até o mês passado, mesmo em cadeira de rodas.
Tinha um câncer na próstata havia cerca de dez anos -dos sete irmãos, todos os quatro homens sofreram com a doença. Nos últimos tempos, não podia caminhar.
No hospital, dizia que o que mais o incomodava era ficar sem ter o que fazer. Já não podia tomar seu scotch e fumar seu cachimbo com fumo trazido de Nova York.
Segundo Cláudio, o pai foi muitas vezes incompreendido, mas tinha ótimo coração.
Casou-se duas vezes, tendo cinco filhos e dez netos. Morreu quinta, aos 82, de falência de órgãos. Deixa a viúva Maria Cecília, psicopedagoga.

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