São Paulo, Segunda-feira, 08 de Março de 1999
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REDE DE CORRUPÇÃO
Segundo secretário-adjunto, corregedoria vai investigar suposto recebimento de propinas por policiais
Órgão vai apurar ação de polícia em esquema

da Reportagem Local

O secretário-adjunto da Segurança Pública de São Paulo, Mário Papaterra Limongi, disse ontem que as corregedorias das Polícias Civil e Militar vão investigar o suposto recebimento de propinas de loteamentos clandestinos, caso seja confirmada a participação de policiais no esquema.
A Folha divulgou ontem documento com o caixa de quatro cooperativas que promovem loteamentos clandestinos na zona norte de São Paulo.
O documento mostra que a máfia da propina não se limita a funcionários de administrações regionais. O caixa pode envolver órgãos da polícia, além de deputado e vereador.
A suspeita surgiu porque o documento traz nomes e valores de pagamentos feitos supostamente para que o loteamento fosse feito, mesmo em situação irregular.
A máfia dos loteamentos é uma ramificação do caso que já está sendo investigado pelo Ministério Público e pela polícia sobre um esquema de corrupção envolvendo as regionais (leia texto ao lado).
"Uma vez comprovado o envolvimento de policiais civis e militares nesse esquema, serão acionadas as respectivas corregedorias", disse Limongi.
Segundo o secretário-adjunto, as investigações sobre a máfia da propina prosseguirão normalmente, envolvendo três delegados de polícia, que já apuram o caso.
O corregedor da Polícia Militar, coronel Luiz Carlos Guimarães, disse que o órgão checará "a fundamentação" do envolvimento de um soldado da Polícia Florestal na máfia da propina para determinar a abertura de sindicância.
O vereador Cosme Lopes e o deputado estadual Conte Lopes, ambos do PPB, podem ser chamados para prestar depoimento sobre o esquema revelado ontem pela Folha, segundo o delegado Naief Saad Neto, que investiga a máfia da propina.
Os nomes dos dois aparecem no documento obtido pela Folha ao lado de valores que seriam pagos por cooperativas habitacionais.
Segundo Saad Neto, a polícia depende do depoimento do empresário Marcos José Gomes para aprofundar as investigações.
Gomes foi preso na sexta-feira e é apontado como um dos responsáveis por um esquema que distribuiu propina e que reúne quatro cooperativas que dividiram 600 mil m2 em 1.200 lotes no Tucuruvi.
O negócio, irregular, pode ter rendido cerca de R$ 24 milhões.
No documento, também aparecem os nomes de dois assessores de Cosme Lopes, que estão foragidos. O vereador e o deputado negam o envolvimento com o esquema e o recebimento de propina.


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