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Eleitor deve fiscalizar CPI, diz Cardozo
da Reportagem Local
O presidente da CPI aprovada na
Câmara de São Paulo para investigar a máfia dos fiscais, o vereador
José Eduardo Cardozo (PT), condiciona o sucesso da apuração à
participação da opinião pública.
Ele conclama eleitores a assistirem a CPI para "fiscalizar e cobrar". Sem isso, não espera grandes resultados.
(JCS)
Folha - O sr. se sente incompetente por ter presidido uma CPI
em 95 que não acabou com a corrupção na regional Sé?
Cardozo - Incompetente não,
frustrado, sim. A CPI fez um trabalho muito competente. Nós partimos de uma denúncia anônima e
fizemos uma investigação que
mostrou de forma consistente a
existência de uma máfia. Nós não
conseguimos chegar além do administrador da época, o Vitor David. Tudo aquilo que acontece hoje
foi descrito por nós em 95.
Folha - A CPI denunciou 29 pessoas, mas até hoje ninguém foi
condenado. Isso não coloca em
xeque a eficácia de uma CPI?
Cardozo - Acho que coloca em
xeque a eficácia do Judiciário. Nosso trabalho nós fizemos. Tanto que
o Ministério Público acolheu o relatório da CPI. O juiz absolveu.
Ainda não é uma sentença definitiva. O Ministério Público está inconformado e vai recorrer.
Folha - Essa CPI não foi aprovada só para satisfazer a pressão
de eleitores?
Cardozo - Da nossa parte não,
mas da parte de alguns vereadores
situacionistas sim. Alguns que
aprovaram têm a intenção de criar
obstáculos para impedir que a CPI
investigue seriamente.
Folha - A CPI aprovada pode investigar outras administrações.
O sr. já foi secretário de Governo
na gestão Erundina. O sr. também não estaria impedido de
participar da CPI?
Cardozo - Se eu tivesse algum tipo de atuação funcional que estivesse neste momento sob investigação, sim.
Folha - Não há possibilidade de
essas irregularidades de hoje terem existido em outras administrações? No governo Erundina,
por exemplo.
Cardozo - Não há a menor dúvida. O que eu sei é que o governo
Erundina removeu vários fiscais.
Foram vários processos. O que
chamou atenção na CPI de 95 é que
muitos dos fiscais, em especial da
regional da Sé, que tinham sido removidos ao longo do governo
Erundina retornaram aos seus
postos no governo Maluf.
Folha - O sr. acha que a CPI tem
poder suficiente para investigar
um esquema complexo como o
da máfia dos fiscais?
Cardozo - Acho que podemos
ser um instrumento importante,
junto com o Ministério Público e a
polícia. O próprio Ministério Público tem dito que são tão grandes
os tentáculos deste polvo que é esta
máfia, que ele não dá conta de cuidar sozinho de tudo.
Folha - Mas a CPI pode ser mais
ágil que o Ministério Público?
Cardozo - O sucesso da CPI está
diretamente condicionado à postura que a opinião pública tiver. Se
a opinião pública não cobrar, não
fiscalizar, não acompanhar a CPI,
se não houver esse tipo de cobrança e fiscalização e a investigação ficar intramuros da Câmara, eu não
espero grandes resultados.
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