São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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MISTÉRIO NO RIO

Após apresentar caseiro como assassino, secretário culpa delegados

Garotinho afirma que foi induzido a erro pela polícia

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, disse ontem ter sido "induzido ao erro" pela Polícia Civil ao apresentar, na última quinta-feira, o caseiro Jossiel Conceição dos Santos como o assassino do executivo da Shell Zera Todd Staheli e de sua mulher, Michelle.
Segundo ele, os delegados encarregados das investigações, Carlos Henrique Machado (Delegacia de Homicídios) e Marcos Henrique Alves (16ª Delegacia), se "precipitaram" e "falaram muita bobagem" ao apontar Santos como o possível assassino do casal. Os dois foram proibidos por Garotinho de prestar informações sobre o caso a jornalistas.
"Eles [delegados] estão falando bobagem e quem não tem o que falar tem que ficar quieto. Os delegados ficaram dando versões conclusivas antes da conclusão. Por exemplo, eles tinham que me apresentar o criminoso para me induzir a fazer aquele papel?", questionou o secretário.
No dia em que Santos foi preso após ter confessado o crime, Garotinho fez questão de apresentá-lo como sendo o assassino e o interrogou na frente dos jornalistas.
O secretário chamou o caseiro de "desequilibrado" após ele ter apresentado quatro versões sobre sua suposta participação no crime. Segundo Garotinho, o caseiro, anteontem, voltou a confessar que matou o casal, desta vez na presença de sua patroa, Luci Malta, que mora no condomínio Porto dos Cabritos (Barra da Tijuca, zona oeste), o mesmo onde moravam os Stahelis.
"Ele [Jossiel] chorou, abraçou-a [Luci Malta], confessou novamente, disse que foi ele quem matou. Afirmou ainda que roubou um cheque de R$ 7.000."
Procurada no condomínio pela Folha, Malta não foi encontrada.
Apesar de tê-lo chamado de desequilibrado, Garotinho disse que ainda não pediu à Justiça autorização para realizar um exame de sanidade mental no caseiro. O secretário também afirmou ser "impossível" que Santos não tenha participado do crime.

Confissão
O caseiro confessou o assassinato no dia 1º e justificou o crime dizendo que Zera Todd o havia chamado de "crioulo". No dia seguinte, em nova versão, disse que prestou informações sobre a casa aos dois supostos assassinos, em troca de R$ 40 mil.
Na segunda-feira, ele deu dois novos nomes de supostos assassinos e disse que, em vez dos R$ 40 mil, recebera um cheque de R$ 7.000 dos criminosos.
As investigações policiais não levaram, até agora, a provas concretas que indiquem que o caseiro participou do crime. Exames de DNA feitos no sangue encontrado em um pé-de-cabra e em roupas do caseiro não identificaram material genético dos Stahelis.
Um dos supostos assassinos apontados por Santos prestou depoimento anteontem na 16ª DP. A polícia não divulgou o conteúdo do relato. Para Garotinho, os nomes dos supostos assassinos apontados pelo caseiro são "todos furados".
A promotora Marcele Navega, da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público Estadual, voltou atrás ontem no pedido de prisão temporária do caseiro apresentado na terça-feira. Ela anunciou que só voltará se pronunciar após a conclusão das investigações.


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