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MISTÉRIO NO RIO
Após apresentar caseiro como assassino, secretário culpa delegados
Garotinho afirma que foi induzido a erro pela polícia
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Anthony
Garotinho, disse ontem ter sido
"induzido ao erro" pela Polícia
Civil ao apresentar, na última
quinta-feira, o caseiro Jossiel
Conceição dos Santos como o assassino do executivo da Shell Zera
Todd Staheli e de sua mulher, Michelle.
Segundo ele, os delegados encarregados das investigações,
Carlos Henrique Machado (Delegacia de Homicídios) e Marcos
Henrique Alves (16ª Delegacia), se
"precipitaram" e "falaram muita
bobagem" ao apontar Santos como o possível assassino do casal.
Os dois foram proibidos por Garotinho de prestar informações
sobre o caso a jornalistas.
"Eles [delegados] estão falando
bobagem e quem não tem o que
falar tem que ficar quieto. Os delegados ficaram dando versões conclusivas antes da conclusão. Por
exemplo, eles tinham que me
apresentar o criminoso para me
induzir a fazer aquele papel?",
questionou o secretário.
No dia em que Santos foi preso
após ter confessado o crime, Garotinho fez questão de apresentá-lo como sendo o assassino e o interrogou na frente dos jornalistas.
O secretário chamou o caseiro
de "desequilibrado" após ele ter
apresentado quatro versões sobre
sua suposta participação no crime. Segundo Garotinho, o caseiro, anteontem, voltou a confessar
que matou o casal, desta vez na
presença de sua patroa, Luci Malta, que mora no condomínio Porto dos Cabritos (Barra da Tijuca,
zona oeste), o mesmo onde moravam os Stahelis.
"Ele [Jossiel] chorou, abraçou-a
[Luci Malta], confessou novamente, disse que foi ele quem matou. Afirmou ainda que roubou
um cheque de R$ 7.000."
Procurada no condomínio pela
Folha, Malta não foi encontrada.
Apesar de tê-lo chamado de desequilibrado, Garotinho disse que
ainda não pediu à Justiça autorização para realizar um exame de
sanidade mental no caseiro. O secretário também afirmou ser "impossível" que Santos não tenha
participado do crime.
Confissão
O caseiro confessou o assassinato no dia 1º e justificou o crime dizendo que Zera Todd o havia chamado de "crioulo". No dia seguinte, em nova versão, disse que
prestou informações sobre a casa
aos dois supostos assassinos, em
troca de R$ 40 mil.
Na segunda-feira, ele deu dois
novos nomes de supostos assassinos e disse que, em vez dos R$ 40
mil, recebera um cheque de R$
7.000 dos criminosos.
As investigações policiais não
levaram, até agora, a provas concretas que indiquem que o caseiro
participou do crime. Exames de
DNA feitos no sangue encontrado
em um pé-de-cabra e em roupas
do caseiro não identificaram material genético dos Stahelis.
Um dos supostos assassinos
apontados por Santos prestou depoimento anteontem na 16ª DP. A
polícia não divulgou o conteúdo
do relato. Para Garotinho, os nomes dos supostos assassinos
apontados pelo caseiro são "todos
furados".
A promotora Marcele Navega,
da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público Estadual, voltou
atrás ontem no pedido de prisão
temporária do caseiro apresentado na terça-feira. Ela anunciou
que só voltará se pronunciar após
a conclusão das investigações.
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