São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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Aumenta a taxa de mortalidade da dengue

Até 26 de março, o índice de mortes em 2007 registrado pelo ministério foi de 13,7%, contra 11% em 2006; a OMS preconiza 3%

Infectologistas alertam para o crescimento do número de casos da doença com complicações como inflamação no fígado

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O país registra um aumento na taxa de mortalidade de dengue. Até o dia 26 de março, o Ministério da Saúde havia notificado 124 casos de dengue hemorrágica, com 17 mortes -um índice de mortalidade de 13,7%. Em 2006, a taxa foi de 11%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza 3%.
Autoridades de saúde dizem que o salto é esperado porque, à medida que as pessoas contraem dengue por um determinado subtipo de vírus e depois se reinfectam por outro, são maiores as chances de complicações. Há três subtipos virais circulando no país. As complicações também podem ocorrer quando se pega dengue pela primeira vez, mas são raras.
O ministério computa 134,9 mil casos de dengue neste ano. O Mato Grosso do Sul concentra 41% das ocorrências e São Paulo, 9% -o Estado tem 15,2 mil casos -19% a menos do que em 2006-, com maior concentração no interior e no litoral.
Além da dengue hemorrágica, infectologistas relatam um salto de casos "com complicações", mas não há registro oficial desse aumento. Trata-se de uma forma mais grave da dengue clássica, mas que não é enquadrada como hemorrágica.
Entre os sintomas da "dengue complicada" estão inflamações no fígado, no cérebro e na pleura (membrana que envolve o coração e o pulmão). Em 2006, oito pessoas morreram no Estado de São Paulo vítimas da dengue com complicações.
"Observamos um aumento de mortes por dengue e, sem dúvida, estamos atendendo muito mais casos complicados de dengue do que antes", diz o infectologista Luiz Jacinto da Silva, professor da Unicamp.
Para ele, como o sistema de saúde não conta com uma rede de triagem dos casos graves, o país pode estar subestimando os casos mais complicados.
A mesma percepção tem o infectologista Celso Granato, diretor de pesquisas clínicas do Fleury Medicina e Saúde. Ele diz que tem sido comum receber exames de pessoas com dengue e que apresentam alterações no fígado, encefalites, miocardites e inflamações no pulmão. "É uma doença de mil facetas. Ela pode dar quase nada e, até na forma clássica, você pode ter encefalite, pneumonite, hepatite e miocardites."
A professora Ana (nome fictício), de Ubatuba (SP), primeiro descobriu que estava com hepatite e só depois soube que era uma complicação da dengue. "Tive febre e mal-estar por três dias. Depois passou, parecia que estava tudo bem. Por fim, danou-se", relata ela, que ficou uma semana internada.
O diretor técnico de gestão da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, Fabiano Pimenta, diz desconhecer o aumento de casos de dengue com complicações. "Até hoje, pelos dados dos Estados, não posso dizer que aumentou. Pode ser que exista um quantitativo de casos em investigação que ainda não tenha sido notificado."
Mas a alta é esperada, disse ele, em razão de o país conviver hoje com mais de um sorotipo. Uma das ações do ministério no controle das formas graves de dengue é melhorar a capacitação de médicos, o que inclui um auxílio do CFM (Conselho Federal de Medicina) para divulgar cartilhas aos médicos.


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