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Aumenta a taxa de mortalidade da dengue
Até 26 de março, o índice de mortes em 2007 registrado pelo ministério foi de 13,7%, contra 11% em 2006; a OMS preconiza 3%
Infectologistas alertam
para o crescimento do número de casos da doença com complicações como inflamação no fígado
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O país registra um aumento
na taxa de mortalidade de dengue. Até o dia 26 de março, o
Ministério da Saúde havia notificado 124 casos de dengue hemorrágica, com 17 mortes -um
índice de mortalidade de 13,7%.
Em 2006, a taxa foi de 11%. A
OMS (Organização Mundial da
Saúde) preconiza 3%.
Autoridades de saúde dizem
que o salto é esperado porque, à
medida que as pessoas contraem dengue por um determinado subtipo de vírus e depois
se reinfectam por outro, são
maiores as chances de complicações. Há três subtipos virais
circulando no país. As complicações também podem ocorrer
quando se pega dengue pela
primeira vez, mas são raras.
O ministério computa 134,9
mil casos de dengue neste ano.
O Mato Grosso do Sul concentra 41% das ocorrências e São
Paulo, 9% -o Estado tem 15,2
mil casos -19% a menos do que
em 2006-, com maior concentração no interior e no litoral.
Além da dengue hemorrágica, infectologistas relatam um
salto de casos "com complicações", mas não há registro oficial desse aumento. Trata-se de
uma forma mais grave da dengue clássica, mas que não é enquadrada como hemorrágica.
Entre os sintomas da "dengue complicada" estão inflamações no fígado, no cérebro e na
pleura (membrana que envolve
o coração e o pulmão). Em
2006, oito pessoas morreram
no Estado de São Paulo vítimas
da dengue com complicações.
"Observamos um aumento
de mortes por dengue e, sem
dúvida, estamos atendendo
muito mais casos complicados
de dengue do que antes", diz o
infectologista Luiz Jacinto da
Silva, professor da Unicamp.
Para ele, como o sistema de
saúde não conta com uma rede
de triagem dos casos graves, o
país pode estar subestimando
os casos mais complicados.
A mesma percepção tem o infectologista Celso Granato, diretor de pesquisas clínicas do
Fleury Medicina e Saúde. Ele
diz que tem sido comum receber exames de pessoas com
dengue e que apresentam alterações no fígado, encefalites,
miocardites e inflamações no
pulmão. "É uma doença de mil
facetas. Ela pode dar quase nada e, até na forma clássica, você
pode ter encefalite, pneumonite, hepatite e miocardites."
A professora Ana (nome fictício), de Ubatuba (SP), primeiro descobriu que estava com
hepatite e só depois soube que
era uma complicação da dengue. "Tive febre e mal-estar por
três dias. Depois passou, parecia que estava tudo bem. Por
fim, danou-se", relata ela, que
ficou uma semana internada.
O diretor técnico de gestão
da Secretaria de Vigilância em
Saúde do ministério, Fabiano
Pimenta, diz desconhecer o aumento de casos de dengue com
complicações. "Até hoje, pelos
dados dos Estados, não posso
dizer que aumentou. Pode ser
que exista um quantitativo de
casos em investigação que ainda não tenha sido notificado."
Mas a alta é esperada, disse
ele, em razão de o país conviver
hoje com mais de um sorotipo.
Uma das ações do ministério
no controle das formas graves
de dengue é melhorar a capacitação de médicos, o que inclui
um auxílio do CFM (Conselho
Federal de Medicina) para divulgar cartilhas aos médicos.
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