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Juiz afirma que promotor não respeitou sigilo
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz Maurício Fossen, do 2º
Tribunal do Júri, determinou
ontem o fim do segredo de Justiça que ele próprio havia determinado semana passada no
inquérito policial aberto para
apurar a morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, 5.
O juiz Fossen foi quem decretou a prisão temporária
-por 30 dias- do casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna
Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, pai e madrasta da menina Isabella.
Em sua decisão pela suspensão do sigilo no inquérito, o juiz
Fossen afirmou que a decisão
ocorreu porque o promotor do
caso, Francisco José Taddei
Cembranelli, ao conceder diversas entrevistas sobre a morte de Isabella, não respeitou o
segredo da investigação.
O promotor, de acordo com o
juiz, forneceu detalhes sobre os
depoimentos do pai e da madrasta de Isabella e também
emitiu "juízo de valoração a
respeito das provas inconclusivas até aqui realizadas."
O promotor Cembranelli
concordou com o pedido de sigilo nas investigações feito pela
Polícia Civil ao juiz Fossen.
"O comportamento adotado
pela Ministério Público no último dia 4 de abri de 2008 [data
em que Cembranelli concedeu
entrevista coletiva sobre o caso] demonstrou que o sigilo das
informações referentes a este
inquérito policial não constitui,
para aquele órgão ministerial,
formalidade imprescindível
para o bom desenvolvimento
das investigações, daí porque
nada mais justifica a manutenção desta providência [o sigilo]
que havia determinado anteriormente por este juízo", escreveu Fossen.
Apesar da decisão do magistrado, na prática, nada mudou
na questão de acesso aos documentos e depoimentos que fazem parte do inquérito sobre a
morte de Isabella. Motivo: na
tarde de ontem, o delegado Calixto Calil Filho, presidente do
inquérito policial sobre o caso,
buscou amparo no artigo 20 no
Código de Processo Penal e insistiu com a restrição de informações sobre a investigação.
Por meio de nota oficial, o
promotor Cembranelli afirmou
ontem que "praticamente todos os fatos que constam e são
investigados no inquérito policial foram amplamente divulgados pela imprensa nacional,
seja antes ou depois da decretação judicial do sigilo, sendo de
domínio público e impossíveis
de serem apagados da mente da
chocada sociedade brasileira."
Ainda na nota, o promotor
afirmou ter como "propósito
apurar devidamente, por meio
de criteriosa investigação policial que vem sendo desenvolvida, a quem cabe a responsabilidade criminal pela trágica morte de Isabella."
(AC e CR)
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