São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Juiz afirma que promotor não respeitou sigilo

DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, determinou ontem o fim do segredo de Justiça que ele próprio havia determinado semana passada no inquérito policial aberto para apurar a morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, 5.
O juiz Fossen foi quem decretou a prisão temporária -por 30 dias- do casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, pai e madrasta da menina Isabella.
Em sua decisão pela suspensão do sigilo no inquérito, o juiz Fossen afirmou que a decisão ocorreu porque o promotor do caso, Francisco José Taddei Cembranelli, ao conceder diversas entrevistas sobre a morte de Isabella, não respeitou o segredo da investigação.
O promotor, de acordo com o juiz, forneceu detalhes sobre os depoimentos do pai e da madrasta de Isabella e também emitiu "juízo de valoração a respeito das provas inconclusivas até aqui realizadas."
O promotor Cembranelli concordou com o pedido de sigilo nas investigações feito pela Polícia Civil ao juiz Fossen.
"O comportamento adotado pela Ministério Público no último dia 4 de abri de 2008 [data em que Cembranelli concedeu entrevista coletiva sobre o caso] demonstrou que o sigilo das informações referentes a este inquérito policial não constitui, para aquele órgão ministerial, formalidade imprescindível para o bom desenvolvimento das investigações, daí porque nada mais justifica a manutenção desta providência [o sigilo] que havia determinado anteriormente por este juízo", escreveu Fossen.
Apesar da decisão do magistrado, na prática, nada mudou na questão de acesso aos documentos e depoimentos que fazem parte do inquérito sobre a morte de Isabella. Motivo: na tarde de ontem, o delegado Calixto Calil Filho, presidente do inquérito policial sobre o caso, buscou amparo no artigo 20 no Código de Processo Penal e insistiu com a restrição de informações sobre a investigação.
Por meio de nota oficial, o promotor Cembranelli afirmou ontem que "praticamente todos os fatos que constam e são investigados no inquérito policial foram amplamente divulgados pela imprensa nacional, seja antes ou depois da decretação judicial do sigilo, sendo de domínio público e impossíveis de serem apagados da mente da chocada sociedade brasileira."
Ainda na nota, o promotor afirmou ter como "propósito apurar devidamente, por meio de criteriosa investigação policial que vem sendo desenvolvida, a quem cabe a responsabilidade criminal pela trágica morte de Isabella." (AC e CR)


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