São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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"Ataques têm a ver com bullying", diz professor

ÁLVARO FAGUNDES
ENVIADO ESPECIAL A BRETTON WOODS

Para o especialista em violência escolar Glenn Stutzky, da Universidade de Michigan State (EUA), fatos ocorridos recentemente na vida de quem, no passado, foi vítima de bullying na escola, podem desencadear atos de violência.
"Quando as pessoas foram torturadas e não receberam ajuda, um acontecimento do dia a dia pode trazer de volta a memória de quando ela foi vítima de violência", disse Stutzky, que afirmou ter acompanhado apenas breves relatos do atentado ocorrido ontem em escola municipal localizada na zona oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com ele, o retorno dessa memória "na mente distorcida deles" pode fazer com que eles voltem ao lugar onde sofreram as agressões.

VIETNÃ
O ato de violência pode ser, afirma o especialista, uma forma de manifestar o ocorrido no passado.
"Para eles, é uma forma de dizer: "Vocês querem saber como me sinto? É assim que eu me sinto'", afirma.
Stutzky chega a estabelecer uma comparação com os soldados americanos que lutaram no Vietnã e, de volta para casa, retomaram uma vida aparentemente normal, com mulher, filhos, mas que também tiveram fatos desencadeadores para manifestações de violência.
Segundo o especialista, as estatísticas americanas apontam que dois terços dos casos de tiroteios em escolas provocados por alunos ou ex-estudantes envolveram vítimas de bullying.
Ele afirma que, nesses casos, cada pequeno sinal deve ser encarado como um detalhe importante no processo de investigação.
"Na cabeça dessas pessoas [que atiram em grupos], elas acham que têm razão. Para nós, pode parecer absurdo, mas, na cabeça delas, o que estão fazendo tem todo o sentido", completa Stutzky.


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