São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Médico de plano protesta e pressiona por negociação

Profissionais fizeram paralisação contra valores que recebem de operadoras

Categoria afirma que adesão à greve de um dia foi de 70% no país; movimento foi normal, diz entidade de planos


TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Médicos que atendem a planos de saúde pararam ontem os atendimentos, em protesto pelos valores que recebem, e fizeram em São Paulo uma passeata que reuniu cerca de 500 pessoas.
Eles prometem agora pressionar as operadoras por uma negociação rápida.
Os médicos reivindicam reajuste e que ele passe a ser anual. Também reclamam da interferência dos convênios, que, segundo eles, limitam o número de consultas e de exames por pacientes.
Ontem, afirmam, a adesão ao movimento foi de pelo menos 70% dos médicos de todo o país. Eles não atenderam pacientes dos planos, exceto casos urgentes e cirurgias.
Segundo a Orizon, empresa que gerencia o sistema que autoriza os procedimentos de 170 empresas de convênio, o número de consultas caiu 36% pela manhã, em relação a outras quintas-feiras.
Em São Paulo, a redução foi menor, de 29%; já a Bahia teve a maior redução: 73%.
A Folha visitou na capital paulista três prédios com grande número de consultórios. Em um deles, ouviu relatos de que o movimento de pacientes estava abaixo do normal. Nos outros dois, que estava normal.
No hospital Edmundo Vasconcelos, zona sul, médicos do ambulatório pararam.
"O envolvimento do movimento médico foi muito grande. Conseguimos transmitir para a sociedade que existem problemas e que precisam ser resolvidos", afirmou Florisval Meinão, da Associação Médica Brasileira.
Segundo ele, o movimento pretende se reunir com as operadoras de saúde para que elas apresentem uma proposta em até dois meses.
Há médicos que dizem que, se não houver acordo, podem "radicalizar", com descredenciamento em massa de planos que pagam pior.
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que congrega 15 grupos de operadoras, afirma que o reajuste dos médicos entre 2002 e 2010 chegou a 116,30% e que há aumento anual. Já as entidades médicas dizem que o reajuste das consultas entre 2003 e 2009 foi de 44%.
A FenaSaúde afirma que não observou comportamento fora da anormalidade ontem. A ANS (Agência Nacional de Saúde) diz que recebeu uma só reclamação por falta de atendimento médico.

OUTROS PROTESTOS
O Dia Mundial da Saúde, celebrado ontem, foi marcado por outros protestos.
Na frente da Secretaria Estadual da Saúde, cerca de 150 manifestantes de ONGs protestaram contra a lei estadual aprovada em dezembro que destina 25% dos leitos de hospitais públicos geridos por Organizações Sociais a pacientes de convênios.
Na avenida Paulista, outras 700 pessoas também protestaram contra o que chamaram de "privatização" da saúde, incluindo as parcerias público-privadas em hospitais municipais.


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