São Paulo, quarta, 8 de abril de 1998

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TRANSPORTES
Paralisação na zona leste foi em protesto contra o assassinato de dois motoristas; rodízio foi suspenso
Ônibus param e deixam 1,3 mi a pé em SP

Alex Ribeiro/Folha Imagem
Ônibus parados dentro da garagem da Viação Cidade Tiradentes, na zona leste de SP, devido ao protesto


MALU GASPAR
da Reportagem Local

Uma paralisação de motoristas e cobradores de ônibus que atingiu ontem as zonas leste e sudeste de São Paulo deixou cerca de 1,3 milhão de pessoas a pé.
A paralisação, em protesto contra a falta de segurança nos ônibus, foi motivada pelo assassinato, em menos de uma semana, de dois motoristas da Viação Cidade Tiradentes.
Na sexta-feira, o motorista Hélio Bezerra Lima, 43, foi assassinado durante um assalto. Os ladrões levaram R$ 30,00.
Anteontem, um grupo de cinco menores entrou no ônibus dirigido por Gérson Ferreira Lemos e atirou no motorista. A polícia investiga a hipótese de acerto de contas.
No auge da paralisação, às 6h, cerca de 2.900 dos 3.200 ônibus estavam parados nas garagens das empresas que atendem a região.
O rodízio de veículos da prefeitura foi suspenso pela manhã.
Sem alternativa de transporte, quem precisava ir para outras regiões da cidade teve de recorrer às lotações, que cobraram até R$ 5,00 por pessoa.
Depois do meio-dia, os ônibus, aos poucos, voltaram a circular.
Às 16h, segundo a SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade), 70% da frota da região já havia voltado às ruas.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a paralisação de ontem não teve reflexos no trânsito. Pela manhã, o horário de maior lentidão foi às 9h, quando foram registrados 80 km de congestionamento. O índice é considerado normal pela CET.
Na segunda-feira, o trânsito na avenida Ragueb Chofi, perto da Viação Cidade Tiradentes, já havia ficado interrompido durante todo o dia no protesto dos motoristas da empresa, que pararam assim que o colega foi morto.
Velório

O corpo do motorista Lemos, morto anteontem, foi velado durante a tarde de ontem em Guarulhos.
Cerca de 200 pessoas, a maioria colegas do motorista, estiveram no velório. Às 17h, o corpo foi levado ao aeroporto de Cumbica, de onde seria transferido para o Piauí, onde ocorrerá o enterro.
Entre os colegas do motorista, o clima era de revolta e de medo. "Como vou voltar a trabalhar amanhã sem saber volto para casa no fim do dia?", perguntava o motorista Wanderley Lucas de Barros, 31, colega de Lemos.
No final da tarde, representantes dos motoristas e cobradores se reuniram com o secretário de governo do Estado, Antônio Angarita, e com o secretário-adjunto da Segurança Pública, Luiz Antônio Alves de Souza, para pedir providências para diminuir a violência contra motoristas e cobradores.



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