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ADMINISTRAÇÃO
Comissão irá apurar por que Prefeitura não aplicou recursos exigidos por lei em ensino fundamental
Câmara de São Paulo aprova CPI da Educação
MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local
A Câmara Municipal aprovou
ontem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar
as razões da não-aplicação pela
Prefeitura de São Paulo dos recursos mínimos exigidos por lei (30%
da receita) em educação.
Desde 95, ainda na gestão de
Paulo Maluf, a prefeitura viria descumprindo a Lei Orgânica do Município ao não aplicar a verba determinada para o ensino fundamental e a educação infantil.
No ano passado, a prefeitura admitiu o descumprimento da lei em
95 e 96 -também apontado pelo
Tribunal de Contas do Município- e aprovou na Câmara Municipal o adiamento do pagamento
das diferenças para 2002 -após o
fim do mandato de Celso Pitta.
Para apurar as responsabilidades
do prefeito no descumprimento
da lei e a destinação da verba devida à educação, foi requerida a instauração de uma CPI com duração
máxima de 90 dias.
A CPI da Educação foi aprovada
por 29 vereadores -18 da oposição (PT, PSDB, PC do B e PDT) e
11 governistas dissidentes.
Apenas dois vereadores registraram o voto contrário à CPI -Nelo
Rodolfo (PPB), que presidia a sessão, e Celso Cardozo (PPB). A estratégia da situação, estabelecida
pelo novo líder do governo, Brasil
Vita, foi se abster na esperança de
não haver quórum para a aprovação. Eram necessários 28 votos.
Votaram a favor da CPI os "rebeldes" Faria Lima, Paulo Frange,
Alan Lopes e Armando Mellão
(PPB); Ivo Morganti e Toninho
Paiva (PFL); Viviani Ferraz e Mohamad Mourad (PL); José Amorim e Luiz Paschoal (PTB); e Jooji
Hato (PMDB).
Da oposição estavam ausentes
Carlos Neder (PT), devido ao falecimento de seu pai, e Alberto Hiar,
o "Turco Loco" -que se licenciou
por dois dias e apesar de pertencer
ao PSDB tem bom trânsito e indicações no governo.
Também o "rebelde" Antonio
Goulart (PMDB) esteve ausente. O
vereador -que controla a Administração Regional de Cidade Ademar- viajou na semana passada
para pescar no Mato Grosso.
O grupo dissidente manteve os
11 votos com a adesão do petebista
Luiz Paschoal, que controla a Regional de Ermelino Matarazzo
mas também se diz descontente
com a administração Celso Pitta.
"Não adianta o prefeito dizer
que controlamos uma regional se
não temos recursos para atender
as necessidades da população",
afirma Paschoal. "Os vereadores
são lembrados apenas quando o
Executivo precisa do nosso voto
para aprovar seus projetos."
A situação tentou adiar a votação da CPI com manobras permitidas pelo regimento interno da
Câmara, mas todas as tentativas
de Milton Leite (PMDB), Wadih
Mutran (PPB) e Zé Índio (PPB) foram rechaçadas pelo presidente da
Câmara, Nelo Rodolfo.
Milton Leite, que foi vice-presidente da Câmara no ano passado e
o principal responsável pela instalação do painel eletrônico de votação, pediu uma votação verbal dos
vereadores -o que levaria ao encerramento da sessão por estouro
do tempo regimental.
"Isso é um absurdo", reclamou o
líder do PT, Adriano Diogo. "O vereador que incentivou a instalação
desse painel tão caro é o primeiro
a fazer propaganda contrária."
Mutran pediu a suspensão da
sessão por cinco horas. O requerimento foi rejeitado no voto. O
mesmo vereador pediu então o
adiamento da votação por dez sessões. O pedido foi negado por Nelo Rodolfo.
A CPI deve ser instaurada em 15
dias e será presidida pelo vereador
Vicente Cândido (PT). Serão indicados sete membros, proporcionalmente ao número de vereadores na Câmara por partido.
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