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CONSUMO
Garantias nem sempre trazem segurança
EUNICE NUNES
especial para a Folha
É comum o consumidor optar
pelo produto ou serviço que oferece a melhor garantia, ainda que
seja um pouco mais caro. Mas na
hora em que é preciso executá-la,
nem sempre as coisas são simples.
Essa garantia -oferecida pelo
fabricante, pelo comerciante ou
pelo prestador de serviços- é
contratual e vem descrita no certificado de garantia.
De 1998 para cá, surgiu no mercado a chamada garantia estendida. O consumidor paga e tem
uma garantia de maior alcance,
na realidade, um seguro.
Maria Lumena Sampaio, diretora de atendimento da Fundação
Procon de São Paulo (Procon/
SP), diz que o consumidor é induzido a optar pela garantia estendida, pois a contratual tem diminuído. Ele não recebe a apólice de seguro e acredita que a garantia estendida é dada pelo fabricante.
"Na verdade, o custo da garantia
está sendo repassado ao cliente e
de forma antecipada", alerta Maria Lumena.
O Código de Defesa do Consumidor impõe ao fornecedor o dever de garantir o produto ou serviço. Ou seja, independentemente
da garantia contratual, o fornecedor é obrigado por lei a sanar vício ou defeito que o produto ou
serviço venha a apresentar.
Com todas essas garantias, deveria ser fácil resolver qualquer
problema de mau funcionamento. Mas, na prática, isso não ocorre. "Há casos em que o fabricante
deve trocar a mercadoria, mas
manda para conserto, sabendo
que não resolve nada", diz a diretora do Procon/SP.
Ela recomenda que o consumidor não se deixe levar na conversa
e consulte o Procon ou outras entidades de defesa do consumidor.
Esse é o caso da cabeleireira Maria
do Carmo Ferreira de Sousa, 35,
que em agosto do ano passado
comprou um celular pré-pago da
marca Ericsson, com um ano de
garantia contratual. Pagou por ele
R$ 350 em sete prestações.
Em fevereiro deste ano, o aparelho pifou. Ao levá-lo a uma oficina autorizada, recebeu como resposta que a placa interna estava
oxidada, o que caracterizava mau
uso do aparelho e excluía a cobertura da garantia. O orçamento para o conserto foi de R$ 250.
Maria do Carmo não aceitou.
Ela diz que só usa o aparelho na
bolsa e não teria como ele ficar
úmido. Reclamou ao Procon/SP.
Aldo Moino, gerente de marketing da Ericsson Telecomunicações, afirma que a placa só pode
ter oxidado por ter entrado em
contato com líquido. "Não há a
menor possibilidade de ser vício
de fabricação". Ele informa que o
modelo de telefone de Maria do
Carmo é vendido hoje por R$ 199.
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