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VIOLÊNCIA
Prédio foi depredado e 3 internos foram feridos; até as 23h30 de ontem, situação não estava controlada
Nova unidade da Febem tem 1º motim
GABRIELA ATHIAS
GILMAR PENTEADO
da Reportagem Local
Entre 80 e 85 adolescentes, segundo a Polícia Militar, comandaram ontem à noite, a primeira
rebelião na nova unidade da Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) de Franco
da Rocha. Não houve reféns. Até o
fechamento desta edição, três internos haviam sido feridos sem
gravidade aparente.
Os cerca de 280 internos de
Franco da Rocha foram transferidos para o local na terça-feira e
quarta-feira passadas.
A rebelião, segundo o diretor da
unidade, Arnaldo Miranda, começou quando os adolescentes da
ala G, que estavam jogando bola,
recusaram-se a voltar às celas.
Duas horas depois, eles já estavam no telhado, jogando pedras e
depredando a unidade.
A tensão aumentou quando os
rebelados invadiram as outras
alas. Os meninos do "seguro" (jurados de morte) correram para o
prédio da recepção, com pedras e
paus. Cerca de 30 "seguros" refugiaram-se na enfermaria com a
auxiliar Jovelina de Moraes Dias,
durante duas horas. Ao sair, ela
disse não ter sido ameaçada ou
machucada.
O batalhão da Polícia Militar em
Franco da Rocha cercou a unidade, com cerca de 25 homens, para
evitar fugas. "Nós podemos entrar para evitar o confronto", disse o sargento Lourival Casagrande. "Eles (os adolescentes) tomaram a unidade e estão depredando tudo", afirmou. A tropa de
choque foi chamada por volta das
19h. Chegou às 22h40.
Do telhado, os rebelados começaram a negociar, 40 minutos antes da chagada do choque, com o
diretor da unidade. Eles garantiram voltar às celas se a PM não invadisse a unidade e se os relatórios mensais (detalhamento da situação de cada um) fossem revistos. Miranda aceitou as reivindicações, e os adolescentes retornaram ao pátio da unidade.
A promotora de Justiça Sueli Riviera, que esteve em Franco da
Rocha na sexta-feira, disse que os
jovens estavam revoltados.
A Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social vinha
anunciando que a unidade funcionaria de acordo com o "novo
olhar" da Febem.
Mas os promotores que estiveram lá, acompanhados de um
médico legista do Instituto Médico Legal, dizem que os adolescentes apanharam na chegada.
Além disso, havia faltado comida no café da manhã e um grupo
de 11 internos foi obrigado a dividir quatro pães.
Além disso, segundo os adolescentes, havia apenas um sabonete
por cela. Faltavam toalhas de banho e a água do chuveiro estava
gelada. Os garotos passaram a
maior parte da semana trancados.
O monitor que acompanhou a
visita dos promotores estava havia quatro dias sem ir para casa,
trabalhando direto.
O diretor da unidade informou
aos promotores que hoje deveriam chegar equipamentos para
atividades pedagógicas.
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