São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2000


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VIOLÊNCIA
Prédio foi depredado e 3 internos foram feridos; até as 23h30 de ontem, situação não estava controlada
Nova unidade da Febem tem 1º motim

GABRIELA ATHIAS
GILMAR PENTEADO


da Reportagem Local Entre 80 e 85 adolescentes, segundo a Polícia Militar, comandaram ontem à noite, a primeira rebelião na nova unidade da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de Franco da Rocha. Não houve reféns. Até o fechamento desta edição, três internos haviam sido feridos sem gravidade aparente.
Os cerca de 280 internos de Franco da Rocha foram transferidos para o local na terça-feira e quarta-feira passadas.
A rebelião, segundo o diretor da unidade, Arnaldo Miranda, começou quando os adolescentes da ala G, que estavam jogando bola, recusaram-se a voltar às celas. Duas horas depois, eles já estavam no telhado, jogando pedras e depredando a unidade.
A tensão aumentou quando os rebelados invadiram as outras alas. Os meninos do "seguro" (jurados de morte) correram para o prédio da recepção, com pedras e paus. Cerca de 30 "seguros" refugiaram-se na enfermaria com a auxiliar Jovelina de Moraes Dias, durante duas horas. Ao sair, ela disse não ter sido ameaçada ou machucada.
O batalhão da Polícia Militar em Franco da Rocha cercou a unidade, com cerca de 25 homens, para evitar fugas. "Nós podemos entrar para evitar o confronto", disse o sargento Lourival Casagrande. "Eles (os adolescentes) tomaram a unidade e estão depredando tudo", afirmou. A tropa de choque foi chamada por volta das 19h. Chegou às 22h40.
Do telhado, os rebelados começaram a negociar, 40 minutos antes da chagada do choque, com o diretor da unidade. Eles garantiram voltar às celas se a PM não invadisse a unidade e se os relatórios mensais (detalhamento da situação de cada um) fossem revistos. Miranda aceitou as reivindicações, e os adolescentes retornaram ao pátio da unidade.
A promotora de Justiça Sueli Riviera, que esteve em Franco da Rocha na sexta-feira, disse que os jovens estavam revoltados.
A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social vinha anunciando que a unidade funcionaria de acordo com o "novo olhar" da Febem.
Mas os promotores que estiveram lá, acompanhados de um médico legista do Instituto Médico Legal, dizem que os adolescentes apanharam na chegada.
Além disso, havia faltado comida no café da manhã e um grupo de 11 internos foi obrigado a dividir quatro pães.
Além disso, segundo os adolescentes, havia apenas um sabonete por cela. Faltavam toalhas de banho e a água do chuveiro estava gelada. Os garotos passaram a maior parte da semana trancados.
O monitor que acompanhou a visita dos promotores estava havia quatro dias sem ir para casa, trabalhando direto.
O diretor da unidade informou aos promotores que hoje deveriam chegar equipamentos para atividades pedagógicas.



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