São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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"Meu filho salvou a vida de seis pessoas"

DA AGÊNCIA FOLHA

Na noite de 17 de dezembro de 2003, pouco após receber a notícia de que o filho não sobreviveria ao acidente de automóvel que sofrera há algumas horas, a caminho de Angra dos Reis (RJ), o oficial da reserva da Marinha Bráulio de Freitas Oliveira reuniu a família para uma rápida conversa ainda no hospital, em Copacabana, no Rio.
Questionada sobre a doação dos órgãos do médico Ricardo Veiga Oliveira, 41, cuja morte cerebral acabava de ser constatada, a família tentou imaginar qual seria a sua vontade diante da situação.
"Meu filho era um médico querido, trabalhava com pessoas carentes. Por tudo o que ele havia feito, tinha certeza de que seria o primeiro a autorizar a doação", conta o pai.
O coração, o fígado, os pulmões, os rins e as córneas de Ricardo foram doados a seis pacientes na fila de espera.
Um dos receptores foi o ator Norton Nascimento, que estava internado em São Paulo porque parte do coração havia parado de funcionar. "Posso dizer que meu filho salvou seis vidas." Com o caso, o tema ficou na mídia nos meses seguintes, e o Brasil fez, em 2004, 4.935 transplantes de órgãos sólidos. Em 2006, foram 4.668.
Para Renato Gomes, 68, diretor da ONG Adote (Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos), no Rio, casos de autorização de retirada de doações no país são raros porque ainda há preconceito e, em boa parte dos hospitais, a estrutura não permite que o transplante seja incentivado. "Como pedir para uma família autorizar a doação depois de um familiar morrer porque esperou horas na fila do hospital?", questiona.
(MP)


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