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"Meu filho salvou a vida de seis pessoas"
DA AGÊNCIA FOLHA
Na noite de 17 de dezembro de 2003, pouco após receber a notícia de que o filho
não sobreviveria ao acidente
de automóvel que sofrera há
algumas horas, a caminho de
Angra dos Reis (RJ), o oficial
da reserva da Marinha Bráulio de Freitas Oliveira reuniu
a família para uma rápida
conversa ainda no hospital,
em Copacabana, no Rio.
Questionada sobre a doação dos órgãos do médico Ricardo Veiga Oliveira, 41, cuja
morte cerebral acabava de
ser constatada, a família tentou imaginar qual seria a sua
vontade diante da situação.
"Meu filho era um médico
querido, trabalhava com pessoas carentes. Por tudo o que
ele havia feito, tinha certeza
de que seria o primeiro a autorizar a doação", conta o pai.
O coração, o fígado, os pulmões, os rins e as córneas de
Ricardo foram doados a seis
pacientes na fila de espera.
Um dos receptores foi o
ator Norton Nascimento,
que estava internado em São
Paulo porque parte do coração havia parado de funcionar. "Posso dizer que meu filho salvou seis vidas." Com o
caso, o tema ficou na mídia
nos meses seguintes, e o Brasil fez, em 2004, 4.935 transplantes de órgãos sólidos.
Em 2006, foram 4.668.
Para Renato Gomes, 68,
diretor da ONG Adote
(Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos), no
Rio, casos de autorização de
retirada de doações no país
são raros porque ainda há
preconceito e, em boa parte
dos hospitais, a estrutura
não permite que o transplante seja incentivado. "Como
pedir para uma família autorizar a doação depois de um
familiar morrer porque esperou horas na fila do hospital?", questiona.
(MP)
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