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Kassab se omite, e benesse a vereador vai virar lei em SP
Prefeito tinha prazo até ontem para vetar ou sancionar projeto que aumenta valor da verba de gabinete dos parlamentares
O presidente da Câmara tem agora a obrigação de transformar a proposta,
que também beneficia servidores, em lei
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM, ex-PFL) se omitiu e
com isso garantiu ontem a
aprovação do projeto que amplia os benefícios dos vereadores de São Paulo.
Kassab não sancionou nem
vetou ontem o projeto de lei, de
autoria da Mesa da Câmara.
Ontem venceram os 15 dias
úteis previstos no artigo 43 da
Lei Orgânica do Município para que o prefeito se manifestasse -o projeto chegou à prefeitura no dia 13 de abril.
O presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR),
tem agora a obrigação de promulgar o projeto transformando-o em lei, sem nova votação
em plenário.
Se Kassab vetasse o projeto,
os vereadores teriam de passar
novamente pelo desgaste de
aprová-lo em plenário. Se sancionasse, seria Kassab quem
assumiria o desgaste.
Com sua omissão, uma hipótese prevista no parágrafo 3º do
artigo 43 da Lei Orgânica do
Município, ele evita um atrito
com os parlamentares e tenta
fugir de mais um desgaste com
a opinião pública.
A assessoria de Rodrigues informou que ele estava aguardando um posicionamento do
prefeito e não confirmou se o
projeto será promulgado hoje.
Lei Orgânica
Já Kassab ignorou a Lei Orgânica e negou que o prazo tenha vencido ontem. Pela manhã, após o lançamento de um
programa de reforma dos clubes municipais, ele disse que o
projeto ainda estava nas mãos
da assessoria jurídica e que o
prazo vence "nesta semana".
Sua assessoria confirmou, à
noite, que o projeto não foi sancionado nem vetado.
O projeto foi uma promessa
de campanha de Rodrigues para ganhar a presidência da Casa
no fim do ano passado.
Os vereadores terão, a partir
de agora, uma verba de até R$
12,5 mil para pagar as despesas
de seus gabinetes. Hoje, os parlamentares têm direito de usar
cotas de serviços fornecidos
pela Câmara, como cópias de
documentos, correios e gasolina para o carro oficial que, no
total, somam cerca de R$ 10 mil
por mês para cada vereador.
Porém, o projeto de lei não
especifica como o dinheiro da
verba de gabinete poderá ser
usado. Ainda será necessária
uma regulamentação, mas em
tese o dinheiro poderá pagar,
por exemplo, o aluguel de comitês políticos dos vereadores.
Mesmo na regulamentação
deve ser deixada uma brecha
para que os parlamentares contratem "consultorias", como no
Congresso Nacional, a critério
do próprio vereador.
Os vereadores têm salários
de R$ 7.155 por mês e contam
com até 18 assessores -que
agora poderão trabalhar fora da
Câmara, nas bases eleitorais
dos parlamentares- com salários de até R$ 6.700.
Além disso, os servidores poderão, por exemplo, ganhar R$
1.200 extras para assessorar,
em seu próprio horário de trabalho, as comissões da Casa.
O projeto também abre margem para que funcionários de
carreira recuperem uma parte
dos ganhos retirados em 2003,
quando uma reforma administrativa cortou benefícios em
cascata que levavam a supersalários de até R$ 48 mil.
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