São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros MELHEM YARYD NETO (1925-2011) O empreendedor que tomava notas ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO À noite, Melhem Yaryd Neto sentava-se à mesa e começava a escrever. De tempos em tempos, os filhos observavam que ele ficava vermelho. Era um sinal: ele estava preocupado ou contrariado com o que anotava no papel. Todas as noites, Melhem fazia uma lista do que precisava fazer no dia seguinte. Filho de um agrimensor libanês e de uma brasileira, ele nasceu em Birigui (SP), morou quando criança no Bom Retiro, no centro de São Paulo, e foi parar em Andradina (SP). Cedo teve de abandonar os estudos para ajudar o pai. Quando tornou-se, ainda jovem, funcionário da prefeitura, candidatou-se a primeiro bibliotecário da cidade. Catalogou tudo sozinho e aproveitou para ler os livros. Empreendedor, fundou anos depois um tênis clube e um aeroclube. Certa vez, um amigo quis visitar uma fazenda no Paraná, e lá foi ele pilotar o avião. Além de não acharem o local, acidentaram-se no pouso. Melhem bateu a cabeça, mas tanto ele como o amigo sobreviveram. Udenista, participou da política, sem ocupar cargos. Aventurou-se nos ramos da serralheria, refrigeração, comércio de eletrodomésticos, panificadora e transporte. Seu último negócio, que hoje os filhos tocam, é na área de estacionamentos. Em meados dos anos 90, diminuiu o ritmo de trabalho. Era bravo e muito exigente com os filhos. Quando via os jogos do Corinthians, pedia que tirassem de perto quem ousasse criticar seu time. Nos últimos seis anos, esteve debilitado. Morreu no domingo, aos 85, de falência de órgãos. Teve cinco filhos, oito netos e três bisnetos. coluna.obituario@uol.com.br Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Danuza Leão: Aprendendo a viver Índice | Comunicar Erros

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