São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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Radial e Rebouças têm os piores trânsitos da noite

Congestionamentos são invisíveis para CET, que só monitora ruas até 20h

Piores pontos ficam perto de polos geradores de tráfego, como os shopping centers, as universidades e baladas

EDUARDO GERAQUE
RAPHAEL MARCHIORI
DE SÃO PAULO

O empresário Anderson Gomes dos Santos, 29, mora em uma extremidade da Radial Leste, em Itaquera, e trabalha na outra, na Mooca. Para percorrer o trajeto entre as duas gasta mais de uma hora, todos os dias.
O detalhe é que ele não pega nem a hora do rush da manhã nem a da tarde. Seu percurso é feito depois das 21h, no trânsito noturno "invisível" -não registrado pela CET, que só faz seu monitoramento até as 20h (leia mais na página C6).
Daqui a dez dias ele pensa em se mudar para o Tatuapé, para evitar as horas perdidas no trânsito e o custo do combustível. "Está cada vez pior, os carros se arrastam. Por isso vou me mudar, mesmo pagando mais pelo aluguel."
A Radial Leste é justamente a via mais congestionada da cidade entre as 20h e 22h, de acordo com ranking feito pela empresa Maplink a pedido da Folha. Os dados são dos dias úteis de abril.
O trecho mais travado vai do viaduto Guadalajara até a rua Tuiuti, no Tatuapé. Ao lado de um shopping center.
Depois dela, os piores trechos estão na Rebouças (da Brasil até a Paulista), na Faria Lima (entre a Horácio Lafer e a Cidade Jardim) e na marginal Pinheiros (entre as pontes Ary Torres e Cidade Jardim), todas na zona oeste.
De volta à zona leste, a avenida Salim Farah Maluf, entre a própria Radial e a marginal Tietê, aparece no quinto lugar da lista.
"Estes pontos, além de estarem em vias importantes da cidade, onde o fluxo é grande, também estão perto dos chamados polos geradores de tráfego, como os shopping centers e as universidades", diz o engenheiro Sérgio Ejzenberg, especialista em engenharia de tráfego.
De acordo com o especialista, o fenômeno do trânsito noturno, depois das 20h, é algo cada vez mais comum.
"O dia de quem mora em São Paulo está mais longo. É comum ocorrer uma quantidade grande de deslocamentos nestes horários", afirma.
Parte deste fluxo noturno é causado por motoristas que decidem sair de casa para curtir a noite da cidade.
E, muitas vezes, eles não escapam do trânsito.
A professora Daniela Pires, 27, diz que teve que mudar sua rotina por conta do trânsito noturno da Radial.
"Todo fim de semana busco minha amiga no Tatuapé e, para não perdermos os "vips" da balada -que expiram à meia-noite-, tenho de sair uma hora antes para enfrentar o trânsito".
Fora os cinco principais nós do trânsito da noite de São Paulo, e além das zonas boêmias, há outros pontos nevrálgicos, onde, dependendo da noite, tudo para.
A avenida 23 de Maio, nos dois sentidos, pode ser um tormento para o motorista, principalmente entre a ligação leste-oeste e o Obelisco.
Nas noite de sexta chegar a Congonhas nem sempre é fácil. Mesmo após as 21h, o trânsito vai parando até lá.
Trafegar pela várias faixas da avenida Paulista, ou tentá-la cruzar pelas transversais também é difícil à noite.
O mesmo vale para os dois sentidos da marginal Tietê.
Na prática, mesmo em um dia sem incidentes nas ruas da cidade, é mais rápido ir a pé ou de bicicleta.


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