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"Peguei essa
infecção aqui'
da Reportagem Local
Tosse, suores noturnos,
dor de cabeça e catarro com
sangue. Luciano Gonçalves
da Silva tem sintomas, mas
não a certeza médica de um
diagnóstico de tuberculose.
Seu nome não está entre
os 56 presos listados pela
Polícia Civil e pelo Poder
Judiciário com a doença,
mas consta de uma outra
relação, a dos que têm exame de HIV (vírus causador
da Aids) positivo.
Nas duas últimas semanas, seu estado de saúde
piorou. A voz de Luciano
está sumindo. Cada vez
mais rouca e fraca, ela sai
com esforço enquanto fala
com a cabeça baixa.
Se a doença se agrava, pede ao "faxina", preso responsável pela limpeza das
celas, que chame os policiais. Assim, quase toda semana vai parar no pronto-socorro, mas volta.
Luciano e os outros 10
doentes graves do 7º DP são
obrigados a dormir no pátio, onde ficam expostos ao
frio e à chuva. O pátio é o
lugar onde os presos penduram roupas e caminham
durante o dia. Com cerca de
90 metros quadrados, ele é
cercado pelas celas.
"Quando entrei aqui, estava bem. Peguei na cadeia
essa infecção no pulmão."
Além da fala, difícil também é se locomover. Luciano anda arrastando os pés e
fica cansado com esforços
simples, como subir dois
lances de uma escada.
"Se movimentar muito, a
respiração falta. Tem dias
que eu amanheço muito
ruim demais, nem consigo
andar", afirma.
Condenado pela segunda
vez por roubo, o prensista
Luciano, 30, que é solteiro e
morava com os pais, diz ter
constatado ser portador do
vírus HIV em 1994, em um
exame na Penitenciária do
Estado, no Carandiru (zona
norte de São Paulo).
Mesmo assim, fez outro
exame, exigência, diz, para
que seja aceita sua internação no hospital do sistema
penitenciário.
"Aqui eu não tomo remédio nenhum. No hospital, eles só aceitam você no
último estágio da doença.
Vai deixar chegar lá? Aí pode ser tarde."
(MG)
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