São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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Protestos dividem comerciantes do centro

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Entidades que representam comerciantes do centro de São Paulo estão divididas. Parte delas admite que os protestos dos camelôs já estão causando prejuízos, com redução do movimento nas lojas em até 70%. Outras afirmam que os protestos são "pouco" se comparados à presença deles nos calçadões do centro.
Ligado a uma entidade filiada a Associação Viva o Centro, um comerciante, que pediu para não ser identificado por temer represálias, disse que sua loja sofreu redução de 50% a 70% no movimento.
O comerciante acredita que, em meio ao tumulto, uma pessoa não aconselharia outra a procurar a Barão de Itapetininga, 24 de Maio, Conselheiro Crispiniano ou outras ruas afetadas pelos protestos dos ambulantes para as compras do Dia das Mães.
Maria Lúcia Borges Pereira, secretária de assuntos sociais da Ação Local da rua 24 de Maio, entidade também filiada ao Viva o Centro, tem opinião diferente.
"Os protestos não são nada comparados à presença deles nas ruas", afirma. Ela acredita que, devido aos protestos, deve estar ocorrendo prejuízo, mas acha que as manifestações não durarão mais de uma semana.
"Quando eles virem que não têm mais jeito, eles irão para o camelódromo", diz.
Proprietário de um restaurante na Barão de Itapetininga, Carlos Beutel admite que os protestos têm causado prejuízos, mas diz estar feliz com o que classifica de volta das ruas à comunidade.
"Agora eu consigo ver o meu vizinho da calçada oposta. Antes não dava", afirma.
Reclamando que algumas vitrinas chegaram a ser quebradas na rua Marconi, o securitário José Paulo Serpa dos Santos, diz que os comerciantes da rua estão sofrendo uma "redução substancial" no volume de vendas.
"A ação deles é uma violação do direito de ir e vir das pessoas e do direito ao trabalho dos comerciantes", afirma.
O economista Emilio Alfieri, do Instituto Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, diz que a ação dos camelôs é localizada e não causa "impacto estatístico" no comércio da cidade como um todo.



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