São Paulo, Sábado, 08 de Maio de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Ex-vice presidente da Transbraçal afirma que empresa cobrava 300% a mais do que o normal da prefeitura
Empresário denuncia superfaturamento

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

O ex-vice-presidente da Transbraçal Arnaldo Rodrigues dos Santos denunciou ontem ao Ministério Público que a Prefeitura de São Paulo beneficiou a empresa e pelo menos outras cinco do mesmo grupo empresarial em vários contratos de licitação com superfaturamento de preços e outras irregularidades.
Santos -genro do fundador das empresas, Geraldo José da Silva, morto em 1995- citou contratos irregulares de 6 das 20 empresas da rede, envolvendo o PAS, transporte urbano e locação de carros.
O ex-vice-presidente disse que resolveu denunciar após a morte do sogro. "Depois disso, minha mulher (Edna da Silva Rodrigues dos Santos, estão em processo de separação) e meus seis cunhados começaram um processo interno para me tirar da empresa." Ele ficou na empresa de 1981 a 1995.
De acordo com o Ministério Público, Santos sofre vários processos sob acusação de estelionato e chegou a ter uma condenação de prisão que, posteriormente, foi revogada. Ele afirma que esses processos são fruto de perseguição da família de Edna.
Das 20 empresas do grupo, Santos citou Unidas Rent a Car, Sopave, Brasauto (todas de locação de carros), Apetece (alimentos semiprontos) e as ramificações da Transbraçal: TB Bus (trólebus) e TB Prestação de Serviços.
Alguns serviços prestados à rede municipal, segundo ele, estão em vigência há cerca de dez anos.
A Prefeitura de São Paulo informou que desconhece qualquer irregularidade, mas que tudo será apurado (leia texto ao lado).
Segundo o Sistema de Execução Orçamentária (SEO) da Câmara, a prefeitura empenhou neste ano R$ 2,57 milhões para pagar serviços da Transbraçal de 15 contratos.
Um das denúncias feitas por Santos refere-se a irregularidades no contrato da Apetece com a Secretaria Municipal da Saúde.
"Cerca de 20% do faturamento da Apetece, ou seja, cerca de R$ 800 mil por mês, vai para o pagamento de propina para o PAS, para que a empresa continue superfaturando os alimentos", disse Santos.
O faturamento mensal da empresa, segundo ele, é de R$ 4 milhões.
"A empresa fornece alimentos para 10 a 12 módulos do PAS, tudo superfaturado", disse Santos.
O secretário da Saúde, Jorge Roberto Pagura, nega e afirma que atualmente quatro módulos recebem alimentos da Apetece.
Santos disse ainda que há superfaturamento também na contratação e locação de carros feita por secretarias municipais.
"A empresa sempre cobrou um superfaturamento de 300% e as secretarias pagavam", afirmou o ex-vice-presidente.

"Denúncias gravíssimas"
De acordo com o promotor de Justiça José Carlos Blat, as denúncias são "gravíssimas". No entanto, ele disse que não pode fazer nenhum comentário sem a apresentação de provas materiais.
"A promotoria vai investigar, ouvir todas as pessoas que são citadas. Não faremos nenhum comentário por enquanto", afirmou o promotor.
O promotor Arthur Pinto Lemos Jr. disse que Santos entregou ontem à noite documentos que comprovam "parcialmente" as denúncias feitas.


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