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ADMINISTRAÇÃO
Ex-vice presidente da Transbraçal afirma que empresa cobrava 300% a mais do que o normal da prefeitura
Empresário denuncia superfaturamento
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O ex-vice-presidente da
Transbraçal Arnaldo Rodrigues
dos Santos denunciou ontem
ao Ministério
Público que a
Prefeitura de São Paulo beneficiou
a empresa e pelo menos outras cinco do mesmo grupo empresarial
em vários contratos de licitação
com superfaturamento de preços e
outras irregularidades.
Santos -genro do fundador das
empresas, Geraldo José da Silva,
morto em 1995- citou contratos
irregulares de 6 das 20 empresas da
rede, envolvendo o PAS, transporte urbano e locação de carros.
O ex-vice-presidente disse que
resolveu denunciar após a morte
do sogro. "Depois disso, minha
mulher (Edna da Silva Rodrigues
dos Santos, estão em processo de
separação) e meus seis cunhados
começaram um processo interno
para me tirar da empresa." Ele ficou na empresa de 1981 a 1995.
De acordo com o Ministério Público, Santos sofre vários processos sob acusação de estelionato e
chegou a ter uma condenação de
prisão que, posteriormente, foi revogada. Ele afirma que esses processos são fruto de perseguição da
família de Edna.
Das 20 empresas do grupo, Santos citou Unidas Rent a Car, Sopave, Brasauto (todas de locação de
carros), Apetece (alimentos semiprontos) e as ramificações da
Transbraçal: TB Bus (trólebus) e
TB Prestação de Serviços.
Alguns serviços prestados à rede
municipal, segundo ele, estão em
vigência há cerca de dez anos.
A Prefeitura de São Paulo informou que desconhece qualquer irregularidade, mas que tudo será
apurado (leia texto ao lado).
Segundo o Sistema de Execução
Orçamentária (SEO) da Câmara, a
prefeitura empenhou neste ano R$
2,57 milhões para pagar serviços
da Transbraçal de 15 contratos.
Um das denúncias feitas por Santos refere-se a irregularidades no
contrato da Apetece com a Secretaria Municipal da Saúde.
"Cerca de 20% do faturamento
da Apetece, ou seja, cerca de R$
800 mil por mês, vai para o pagamento de propina para o PAS, para
que a empresa continue superfaturando os alimentos", disse Santos.
O faturamento mensal da empresa, segundo ele, é de R$ 4 milhões.
"A empresa fornece alimentos
para 10 a 12 módulos do PAS, tudo
superfaturado", disse Santos.
O secretário da Saúde, Jorge Roberto Pagura, nega e afirma que
atualmente quatro módulos recebem alimentos da Apetece.
Santos disse ainda que há superfaturamento também na contratação e locação de carros feita por secretarias municipais.
"A empresa sempre cobrou um
superfaturamento de 300% e as secretarias pagavam", afirmou o ex-vice-presidente.
"Denúncias gravíssimas"
De acordo com o promotor de
Justiça José Carlos Blat, as denúncias são "gravíssimas". No entanto, ele disse que não pode fazer nenhum comentário sem a apresentação de provas materiais.
"A promotoria vai investigar,
ouvir todas as pessoas que são citadas. Não faremos nenhum comentário por enquanto", afirmou o
promotor.
O promotor Arthur Pinto Lemos
Jr. disse que Santos entregou ontem à noite documentos que comprovam "parcialmente" as denúncias feitas.
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