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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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EDUCAÇÃO

Estado tomou decisão independentemente do MEC; RS é favorável à implantação, mas não imediatamente

MG ampliará ensino fundamental em 2004

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

E EM PORTO ALEGRE

O Estado de Minas Gerais vai implantar a partir do próximo ano o ensino fundamental com nove anos de duração nas escolas estaduais, passando a receber formalmente as crianças de seis anos de idade.
Essa alteração segue orientação do Ministério da Educação, embora a decisão em Minas tenha sido tomada independentemente da proposta do MEC.
"Há uma coincidência muito feliz para Minas porque a decisão de implementar esse ensino ocorre no momento em que o Ministério da Educação também se compromete com essa política", disse a secretária da Educação, Vanessa Guimarães.
Estima-se que só na rede estadual entrarão no ensino fundamental 120 mil crianças. Há ainda os municípios que podem aderir. O custo do Estado será de R$ 50 milhões, mas somente em 2005 esse recurso será coberto pelo Fundef (fundo do ensino fundamental repassado pela União), segundo a secretária.
Em Minas Gerais, as prefeituras de Belo Horizonte e de Ipatinga já adotam o ensino fundamental ampliado.
A adoção dessa nova política, disse a secretária, significa "enfrentar a tragédia nacional" no ensino fundamental brasileiro -59% das crianças na 4ª série não sabem ler ou lêem mal, exemplificou ela.
"Temos que tomar medidas muito fortes e estratégias pesadas para encarar o problema da alfabetização nos três primeiros anos. Essa fase é definidora da vida escolar da criança", afirmou.

Preparação
Para ampliar de oito para nove anos o ensino fundamental, os professores do primeiro ciclo de alfabetização, que compreende as três primeiras séries, já estão sendo preparados.
Para outubro deste ano, está programado um congresso que reunirá todos eles.
Além da formação teórica e prática, faz parte do programa de preparação da secretaria a concessão de estímulos financeiros aos professores, por meio do plano de carreira, e às escolas que alcançarem as metas de desempenho por avaliação externa.
"Você tem de, coletivamente, estimular um grupo que está se esforçando. Isso tem a ver com motivação, dedicação, esforço e competência. Já investimos milhões em formação de professores e os resultados são cada vez piores. Acho que é porque não fechou o ciclo", disse.

Rio Grande do Sul
O secretário da Educação do Rio Grande do Sul, José Fortunati, manifestou-se ontem a favor do aumento no período dos ensinos fundamental e médio, mas não imediatamente.
Antes disso, devem ser resolvidos ""três gargalos": evasão escolar, baixa quantidade e pouca qualidade dos professores.
""Em tese, é positivo, porque reforça a permanência do jovem na escola. Mas, antes de aumentar os anos, temos de resolver problemas no ensino médio. Não adianta projetarmos um ano a mais tendo esses problemas", afirma o secretário José Fortunati, que não sabe avaliar em números o desperdício que a medida traria ao Estado.
Outro problema é o número de vagas nas escolas. A demanda, de acordo com o secretário, já aumentou, e o próximo ano poderá ser crítico.
Justamente em uma escola estadual de Porto Alegre, localizada na periferia (a Vila Divinéia), há uma espécie de ""laboratório", com resultados positivos na inclusão de conteúdo do ensino fundamental na pré-escola.
A professora Maria Alice Dias, 51, coloca na pré-escola ""as condições de alfabetização que as crianças não têm em casa".
Resultado: muitas das crianças que passam para o ensino fundamental na escola estadual Léa Rosa Cecchini Brum já sabem ler e escrever apesar da falta de exemplo doméstico.
(PAULO PEIXOTO E LÉO GERCHMANN)


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