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CIDADANIA
Professores e alunos da rede municipal são alvo da ação; parada gay no domingo quer reunir 1,5 milhão de pessoas
Prefeitura lança campanha pela diversidade
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os empresários e homossexuais
Jianfabio e Maurício moram juntos há oito anos. Tatiene é negra e
heterossexual e Danielle é lésbica.
São cariocas e amigas há pouco
mais de um ano.
Os quatro são personagens de
dois cartazes e de uma campanha
que a Associação da Parada e a
coordenadoria da juventude da
Prefeitura de São Paulo está lançando. O anúncio acontece na
"semana do orgulho gay", que
termina com a parada no próximo domingo.
Os organizadores esperam 1,5
milhão de pessoas, o que seria o
maior evento gay do mundo.
Escolas municipais
"Aceitar é uma opção; respeitar
é um dever" são as frases dos cartazes que serão afixados em centenas de lugares públicos, especialmente escolas. A mesma campanha será divulgada em jornais e
revistas. Mas o alvo principal são
47 mil professores e 1 milhão de
estudantes que fazem parte da rede pública municipal.
Pedro Almeida, da Associação
da Parada, cita pesquisa da Unesco sobre o perfil do professor brasileiro: 60% deles seriam homofóbicos ou teriam dificuldade em
aceitar um homossexual. Por isso
o programa prevê encontros com
coordenadores pedagógicos que,
por sua vez, discutirão o tema
com os professores.
A intenção dos organizadores é
implantar nas escolas uma "pedagogia da diversidade", na qual os
estudantes percebam que há pessoas diferentes que precisam ser
respeitadas, sejam negros, amarelos ou deficientes.
No final, provavelmente no segundo semestre, o programa resultará numa norma para as escolas do município.
"Nenhum professor poderá ficar omisso ou alheio diante de um
aluno que esteja sendo humilhado por ser homossexual ou diferente dos outros", afirma Pedro
Almeida.
A escola é vista como uma propagadora de preconceitos e libertadora desses mesmos preconceitos. "Mas a formação e a aceitação
começam na família", diz Almeida. Por isso o tema da parada deste domingo será "Temos família e
orgulho".
Toda luta pelos direitos sexuais
acontece na família, que ainda expulsa de casa o filho que se revela
homossexual. "A parada deste
ano quer mostrar que gays e famílias não são opostos", diz Reinaldo Pereira Damisão, presidente
da Associação da Parada ou do
Orgulho GLBT (gays, lésbicas,
bissexuais e transgêneros).
"Também queremos incluir no
debate as famílias formadas por
dois homens ou duas mulheres",
acrescentou.
Educar para a realidade
A psicóloga Danielle Leite Costa
Melo, 27, que aparece no cartaz,
faz questão de dar nome, sobrenome e de mostrar a cara. "É importante encorajar as mulheres a
defenderem seus direitos. E os
alunos precisam ser educados para a realidade, para aceitarem o
diferente."
Ela quer trabalhar com homossexuais, suas famílias e seus filhos.
"Há muito preconceito entre os
profissionais", diz.
Tatiane Ferreira da Silva, 21, distribuidora de produtos naturais, é
heterossexual, mas fez questão de
estar na campanha. "As pessoas
deveriam se preocupar com outras coisas, não com a opção sexual de cada um."
As duas e o casal de Curitiba foram escolhidos e fotografados por
Pedro Stephan. Os empresários
Jianfabio Precoma de Oliveira e
Maurício Ribeiro Muderno se conheceram há oito anos e não se
deixaram mais.
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