Presidente de cooperativa disse à polícia que ingerência de ex-secretário permitiu infiltração da facção

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da maior cooperativa de lotações de São Paulo confirmou, em depoimento à polícia, a infiltração do PCC em linhas de perueiros e disse que a ingerência do ex-secretário dos Transportes Jilmar Tatto permitiu que motoristas sob controle da facção rodassem na capital paulista.
Luiz Carlos Pacheco, 36, conhecido como Pandora e responsável pela Cooper Pam, que atua na zona sul com 1.350 veículos, foi preso no começo desta semana sob a acusação de ter financiado uma tentativa de resgate frustrada, em março, na Cadeia Pública de Santo André.
A ação, segundo a polícia, visava a libertação de um seqüestrador ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e teria sido uma ordem de Antônio Müller Júnior, conhecido como Granada, preso desde 2003 e que foi presidente da cooperativa de perueiros Transmetro.
Pandora afirmou à polícia anteontem que a presença da facção criminosa se dá só na garagem 2 da Cooper Pam -que tinha autonomia administrativa e financeira.
Segundo ele, esses motoristas eram ligados à extinta Transmetro e só foram incluídos no consórcio que ele preside por determinação de Tatto, no governo Marta Suplicy (PT).
O ex-secretário, diz Pandora, teria obrigado, em 2004, pelo menos duas cooperativas a encampar 600 perueiros da Transmetro -excluídos sob a acusação de ajudar no financiamento do crime organizado.
O presidente da Cooper Pam nega ter qualquer ligação com integrantes do PCC. O depoimento dele foi feito à Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes de Santo André.
Nas últimas eleições, a cooperativa presidida por Pandora fez campanha para Milton Leite, vereador do PMDB, e para candidatos da família Tatto.
O Ministério Público, que recebeu denúncias de infiltração do PCC na Cooper Pam em 2004, informou que vai acompanhar esse caso.


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