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ARY BOZZOLAN (1930-2010)
Escola, pássaros e plantas
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Melissa, a planta, era a receita de Ary Bozzolan para
acalmar os nervos. Diretor de
uma escola municipal na zona norte de SP, sempre que
via um professor nervoso, pedia para alguém preparar um
chá com a erva e levar para o
docente, no meio da aula.
A planta era cultivada na
horta da escola, onde ele morava com a família. A mulher,
também professora, lecionava no local. E os dois filhos
também estudavam lá.
Dedicado à escola, criou
um laboratório de ciências
com microscópios, em plena
década de 70. Permitia que
os alunos usassem a horta
em atividades educacionais.
O trabalho foi reconhecido, e Ary acabou promovido
em sua carreira de funcionário público. Primeiro, tornou-se coordenador regional de
ensino e, depois, supervisor
escolar do município.
Nas horas vagas, criava
passarinhos. Quando era diretor, fazia reuniões secretas
na escola, com amigos de um
clube de criadores de aves.
Cada hora se via entusiasmado com uma espécie de
pássaro, conta o filho Fábio.
Ultimamente, tinha pintagóis -mistura de canários-belgas com pintassilgos. Orgulhava-se de ter produzido
quatro gerações do pássaro.
Também dedicava-se a escrever um livro sobre a história de Torre de Pedra, cidade
do interior de São Paulo onde
ele havia passado a infância
e para onde havia retornado
depois de se aposentar.
Não conseguiu terminá-lo,
por motivos de saúde. Há três
meses, descobriu ter um câncer de fígado e morreu no domingo (30). Deixou viúva,
dois filhos, três netos e os
mais de cem passarinhos que
mantinha em seu viveiro.
coluna.obituario@uol.com.br
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