São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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ARY BOZZOLAN (1930-2010)

Escola, pássaros e plantas

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Melissa, a planta, era a receita de Ary Bozzolan para acalmar os nervos. Diretor de uma escola municipal na zona norte de SP, sempre que via um professor nervoso, pedia para alguém preparar um chá com a erva e levar para o docente, no meio da aula.
A planta era cultivada na horta da escola, onde ele morava com a família. A mulher, também professora, lecionava no local. E os dois filhos também estudavam lá.
Dedicado à escola, criou um laboratório de ciências com microscópios, em plena década de 70. Permitia que os alunos usassem a horta em atividades educacionais.
O trabalho foi reconhecido, e Ary acabou promovido em sua carreira de funcionário público. Primeiro, tornou-se coordenador regional de ensino e, depois, supervisor escolar do município.
Nas horas vagas, criava passarinhos. Quando era diretor, fazia reuniões secretas na escola, com amigos de um clube de criadores de aves.
Cada hora se via entusiasmado com uma espécie de pássaro, conta o filho Fábio.
Ultimamente, tinha pintagóis -mistura de canários-belgas com pintassilgos. Orgulhava-se de ter produzido quatro gerações do pássaro.
Também dedicava-se a escrever um livro sobre a história de Torre de Pedra, cidade do interior de São Paulo onde ele havia passado a infância e para onde havia retornado depois de se aposentar.
Não conseguiu terminá-lo, por motivos de saúde. Há três meses, descobriu ter um câncer de fígado e morreu no domingo (30). Deixou viúva, dois filhos, três netos e os mais de cem passarinhos que mantinha em seu viveiro.

coluna.obituario@uol.com.br


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