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Atentado mata o 5º agente em dez dias
Paulo Gilberto de Araújo, 54, foi atingido por dois tiros quando saía de sua casa, na zona norte de São Paulo, ontem de manhã
Araújo era funcionário
da penitenciária 2 de Guarulhos e também diretor de um dos sindicatos que representam a categoria
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O agente penitenciário Paulo
Gilberto de Araújo, 54, funcionário da Penitenciária 2 de
Guarulhos e diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários
do Estado, foi morto ontem em
São Paulo com dois tiros.
Foi o quinto agente de segurança assassinado, em dez dias,
em mais um atentado atribuído
à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O
crime, ontem pela manhã, no
bairro da Casa Verde (zona
norte), foi presenciado pela
mulher dele.
Araújo foi assassinado em situação semelhante a dos demais colegas: perto de casa, na
ida ao trabalho.
Ontem, os sindicalistas responsabilizaram o Estado pelos
ataques -além dos cinco mortos, outros quatro sobreviveram aos atentados. Desde maio,
14 agentes penitenciários foram assassinados -um deles
durante uma fuga de presos, na
quarta-feira, da Penitenciária 1
de Franco da Rocha.
Já o governador Cláudio
Lembo (PFL) disse não ser possível assegurar escolta para os
23 mil agentes do Estado e pediu "coragem cívica para suportar esse momento difícil".
"Covardes"
Paulo Gilberto de Araújo, conhecido como Paulinho Danone, tinha dito a colegas que temia ser vítima de atentados.
Um dia antes do crime, ele tinha classificado de "covardes"
os ataques atribuídos ao PCC
durante entrevista a um site de
notícias. "Tudo o que está acontecendo [ataques] é uma demonstração burra por parte do
PCC contra o Estado e covarde
também, pois eles sabem que
não estamos armados."
Os ataques contra os agentes
penitenciários tiveram início
no dia 28 de junho. Dois dias
antes, a polícia matou 13 suspeitos durante suposta tentativa de atentado a agentes de segurança. A polícia apresentou
escutas telefônicas em que os
criminosos diziam ter ordem
para matar de 5 a 15 agentes. A
intenção da facção era retomar
as ações iniciadas em maio,
quando 42 agentes de segurança foram mortos.
Crime
Eram 6h20 quando um homem, com touca de motoqueiro, aproximou-se do agente,
que saía de casa. Araújo era observado pela mulher, Nair, que,
desde o início dos ataques passou a monitorá-lo da sacada do
sobrado. O criminoso acertou
um tiro no braço do agente, que
correu para o carro. Ele levou
mais um tiro, desta vez no coração. Chegou morto ao hospital.
O criminoso fugiu num Corolla escuro com mais dois outros homens.
"O primeiro disparo foi no
braço de Araújo, que abriu a garagem para pegar o carro. O segundo foi no coração, já dentro
do veículo", disse o delegado
Sérgio Luiz Gianuzzi, do 40º
DP. "A probabilidade de [a
morte desse agente] ter sido a
mando do PCC é grande."
Segundo Paulo Rafael, filho
do agente, o pai não usava arma
nem havia se queixado de
ameaças. Pessoas próximas a
ele no sindicato, porém, diziam
que ele tinha uma arma, que ficava no porta-luvas do carro.
Miriam, cunhada do agente,
disse que ele planejava uma
grande festa para setembro,
quando faria 25 anos de casado.
Ainda segundo ela, faltavam
dois anos para a aposentadoria
dele, que trabalhava havia 32
anos no sistema prisional.
Os agentes penitenciários
prometeram voltar a proibir as
visitas de parentes aos presos,
neste fim de semana, em resposta ao novo atentado.
Colaboraram MARTHA ALVES , da Agência Folha, e o "Agora"
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