São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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POLÍCIA FORA DA LEI

Justiça vai apurar a participação de Saulo de Castro Abreu Filho nas operações de combate ao PCC

Procurador pede investigação de secretário; tribunal afasta juízes

ALESSANDRO SILVA
GILMAR PENTEADO

DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, pediu ontem que o Tribunal de Justiça investigue a participação do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, nas operações de infiltração de presos em quadrilhas pelo Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) -principal setor de inteligência da Polícia Militar.
No mesmo documento, protocolado ontem, Marrey solicitou a apuração do envolvimento dos juízes Octávio Augusto Machado de Barros Filho, que assinava os pedidos de saída de condenados da prisão para as missões do Gradi, e Maurício Lemos Porto Alves, que autorizou grampos telefônicos para as investigações da PM.
Os dois magistrados foram afastados no início da noite de ontem dos respectivos cargos de confiança que ocupavam, na Corregedoria dos Presídios de São Paulo e no Dipo (Departamento de Inquéritos), por determinação do presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Augusto Nigro Conceição. A substituição provisória deles, que voltam aos cargos de origem, é para ""dar transparência" à investigação da Corregedoria Geral de Justiça, segundo o tribunal.
O TJ apura o caso desde que a Folha divulgou no último dia 28 os métodos de ação do Gradi. De março do ano passado para cá, a unidade recrutou sete presos. Os detentos recebiam carros, participavam de festas e, segundo familiares relataram, teriam recebido promessas de dinheiro de PMs.
O procurador-geral, que considera ilegal a operação, baseou-se no dossiê que recebeu anteontem da OAB/SP, entidades de direitos humanos e advogados, para pedir a abertura de investigação.
O caso será analisado agora pelo presidente do TJ. O secretário e os juízes têm foro privilegiado.
Ontem, o secretário da Segurança Pública atacou a OAB por causa da divulgação da carta, um dia antes, em que um preso que trabalhou para o Gradi afirma ter falado com ele durante uma reunião sobre a ação no pedágio de Sorocaba -que terminou com 12 mortes e cujo alvo, um assalto a avião pagador, teria sido ""plantado" para atrair os criminosos.
""Eu lá vou conversar com preso, acusado de latrocínio?", disse.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu ontem o secretário. Antes de saber do afastamento dos juízes, disse que "é perfeitamente dentro da legalidade fazer diligências com presos".



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