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POLÍCIA FORA DA LEI
Justiça vai apurar a participação de Saulo de Castro Abreu Filho nas operações de combate ao PCC
Procurador pede investigação de secretário; tribunal afasta juízes
ALESSANDRO SILVA
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, pediu ontem que
o Tribunal de Justiça investigue a
participação do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo
de Castro Abreu Filho, nas operações de infiltração de presos em
quadrilhas pelo Gradi (Grupo de
Repressão e Análise dos Delitos
de Intolerância) -principal setor
de inteligência da Polícia Militar.
No mesmo documento, protocolado ontem, Marrey solicitou a
apuração do envolvimento dos
juízes Octávio Augusto Machado
de Barros Filho, que assinava os
pedidos de saída de condenados
da prisão para as missões do Gradi, e Maurício Lemos Porto Alves,
que autorizou grampos telefônicos para as investigações da PM.
Os dois magistrados foram afastados no início da noite de ontem
dos respectivos cargos de confiança que ocupavam, na Corregedoria dos Presídios de São Paulo e no Dipo (Departamento de
Inquéritos), por determinação do
presidente do Tribunal de Justiça,
Sérgio Augusto Nigro Conceição.
A substituição provisória deles,
que voltam aos cargos de origem,
é para ""dar transparência" à investigação da Corregedoria Geral
de Justiça, segundo o tribunal.
O TJ apura o caso desde que a
Folha divulgou no último dia 28
os métodos de ação do Gradi. De
março do ano passado para cá, a
unidade recrutou sete presos. Os
detentos recebiam carros, participavam de festas e, segundo familiares relataram, teriam recebido
promessas de dinheiro de PMs.
O procurador-geral, que considera ilegal a operação, baseou-se
no dossiê que recebeu anteontem
da OAB/SP, entidades de direitos
humanos e advogados, para pedir
a abertura de investigação.
O caso será analisado agora pelo
presidente do TJ. O secretário e os
juízes têm foro privilegiado.
Ontem, o secretário da Segurança Pública atacou a OAB por causa da divulgação da carta, um dia
antes, em que um preso que trabalhou para o Gradi afirma ter falado com ele durante uma reunião sobre a ação no pedágio de
Sorocaba -que terminou com 12
mortes e cujo alvo, um assalto a
avião pagador, teria sido ""plantado" para atrair os criminosos.
""Eu lá vou conversar com preso,
acusado de latrocínio?", disse.
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) defendeu ontem o secretário. Antes de saber do afastamento dos juízes, disse que "é perfeitamente dentro da legalidade fazer diligências com presos".
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