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Coronel acusa Anac, Infraero e TAM de atrasar investigação
Responsável por investigar o acidente, Fernando Camargo disse em depoimento a CPI não ter recebido documentos
Ele afirmou ter menos
dados que os deputados e, alegando sigilo profissional, se recusou a dar informações a respeito da apuração
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável por investigar o
acidente com o avião da TAM, o
coronel Fernando Camargo
acusou ontem a Anac, a Infraero e a companhia aérea de atrasar os trabalhos do Cenipa
(Centro de Investigação Aeroportuária) por não encaminhar
documentos que serão usados
no cruzamento de informações
com os dados das caixas-pretas.
Em depoimento à CPI do
Apagão Aéreo da Câmara, ele
disse ter menos dados que os
deputados. "Eu sei que a comissão já tem gravações de controle de tráfego. Eu ainda não os
recebi." Ele afirmou que ainda
não tem documentos solicitados à Anac e à Infraero, e que o
Cenipa investigará o acidente
"quando pudermos analisar a
totalidade da documentação".
O coronel disse que, ao contrário da CPI, não tem poderes
para requerer os documentos.
As dificuldades, conforme
demonstrou, não estão apenas
em adquirir os documentos.
Camargo afirmou que o comportamento da TAM levou a
Aeronáutica a enviar para os
EUA entulho em vez da caixa-preta do avião. Ele relatou três
tentativas da Aeronáutica de
confirmar se o equipamento
encontrado era mesmo a caixa-preta, todas negadas pela TAM,
o que levou a Aeronáutica a um
"equivoco grosseiro", afirmou.
Com base no que já foi investigado sobre o acidente, Camargo disse que algumas recomendações para o setor aéreo
já foram elaboradas, mas ainda
não estão em vigor. E citou uma
que aumenta o rigor em pousos
e decolagens na pista de Congonhas em dias de chuva.
A recomendação, se aprovada pela Aeronáutica, será para
que a Anac "considere praticável as pistas principal e auxiliar
de Congonhas só quando suas
características atenderem aos
requisitos de resistência a derrapagem previstos no IAC [Instrução de Aviação Civil] de 18
de maio de 2001, observando
recomendação de vôo já emitida pelo Cenipa em 21 de julho
[que trata de pista molhada]".
Alegando sigilo profissional,
o coronel se recusou a dar informações sobre a investigação. Para não ser obrigado a falar, ele apresentou à CPI cópia
de habeas corpus concedido
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) a César Arrieta. Acusado de fraudar o INSS, Arrieta
apresentou o habeas corpus para não falar à CPI do INSS do
Senado, em 1994.
Outro lado
A Anac informou que só não
repassou os documentos relativos a 2003. Já a TAM não se
pronunciou por não conhecer
os detalhes do depoimento.
Procurada, a Infraero não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal de
Brasília
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