São Paulo, quarta-feira, 08 de agosto de 2007

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Coronel acusa Anac, Infraero e TAM de atrasar investigação

Responsável por investigar o acidente, Fernando Camargo disse em depoimento a CPI não ter recebido documentos

Ele afirmou ter menos dados que os deputados e, alegando sigilo profissional, se recusou a dar informações a respeito da apuração

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Responsável por investigar o acidente com o avião da TAM, o coronel Fernando Camargo acusou ontem a Anac, a Infraero e a companhia aérea de atrasar os trabalhos do Cenipa (Centro de Investigação Aeroportuária) por não encaminhar documentos que serão usados no cruzamento de informações com os dados das caixas-pretas.
Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara, ele disse ter menos dados que os deputados. "Eu sei que a comissão já tem gravações de controle de tráfego. Eu ainda não os recebi." Ele afirmou que ainda não tem documentos solicitados à Anac e à Infraero, e que o Cenipa investigará o acidente "quando pudermos analisar a totalidade da documentação".
O coronel disse que, ao contrário da CPI, não tem poderes para requerer os documentos. As dificuldades, conforme demonstrou, não estão apenas em adquirir os documentos.
Camargo afirmou que o comportamento da TAM levou a Aeronáutica a enviar para os EUA entulho em vez da caixa-preta do avião. Ele relatou três tentativas da Aeronáutica de confirmar se o equipamento encontrado era mesmo a caixa-preta, todas negadas pela TAM, o que levou a Aeronáutica a um "equivoco grosseiro", afirmou.
Com base no que já foi investigado sobre o acidente, Camargo disse que algumas recomendações para o setor aéreo já foram elaboradas, mas ainda não estão em vigor. E citou uma que aumenta o rigor em pousos e decolagens na pista de Congonhas em dias de chuva.
A recomendação, se aprovada pela Aeronáutica, será para que a Anac "considere praticável as pistas principal e auxiliar de Congonhas só quando suas características atenderem aos requisitos de resistência a derrapagem previstos no IAC [Instrução de Aviação Civil] de 18 de maio de 2001, observando recomendação de vôo já emitida pelo Cenipa em 21 de julho [que trata de pista molhada]".
Alegando sigilo profissional, o coronel se recusou a dar informações sobre a investigação. Para não ser obrigado a falar, ele apresentou à CPI cópia de habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a César Arrieta. Acusado de fraudar o INSS, Arrieta apresentou o habeas corpus para não falar à CPI do INSS do Senado, em 1994.

Outro lado
A Anac informou que só não repassou os documentos relativos a 2003. Já a TAM não se pronunciou por não conhecer os detalhes do depoimento. Procurada, a Infraero não havia se manifestado até o fechamento desta edição.


Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília


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