São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IML pede recursos e secretário, seriedade

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Um erro no tratamento da principal pista para identificação do maníaco do parque contrapôs ontem o diretor do IML (Instituto Médico Legal), Francisco Claro, e o secretário-adjunto da Segurança Pública de São Paulo, Luiz Antonio Alves de Souza.
A pista era o exame de DNA no esperma encontrado no corpo de uma das mulheres achadas no parque do Estado, Selma Ferreira Queiroz. O teste, concluído anteontem, fracassou, porque o IML usou procedimentos inadequados, que inutilizaram o material.
Ontem, o diretor do IML confirmou que o procedimento adotado era inadequado para o teste de DNA. Mas disse que a coleta do esperma não foi feita para tal exame, porque o Estado não tem laboratório para fazer essa análise, nem dinheiro para comprar o teste para todos os 12 mil casos que recebe de violência sexual, por ano.
Além disso, diz ele, quando o corpo de Selma foi encontrado, em julho, não haveria elementos para descobrir que o caso de Selma era "especial".
Segundo Claro, normalmente, o IML só coleta líquido da vagina, do reto e da boca de cadáveres com suspeita de violência sexual para tentar identificar espermatozóides e confirmar o abuso, o que acarreta penas mais altas para o assassino. Com Selma foi assim.

Revolta

O secretário-adjunto da Segurança Pública reagiu às declarações e disse que a falha não ocorreu por falta de dinheiro.
"O procedimento foi feito de forma inadequada. O erro poderia ter sido evitado, sem gastar um centavo a mais. O trabalho não pode ser tratado como rotina, tem que ser profissional", disse Luiz Antonio Alves de Souza.
O secretário defende que alguns casos tenham tratamento diferente, mas não soube dizer quais seriam os critérios para escolher esses casos.
"O erro foi ter tratado esse caso como um caso rotineiro. Em determinados casos, pode ser que esse procedimento seja suficiente", afirmou. "O corpo de uma mulher é encontrado na mata, despido, e há sinais de violência sexual. Nesse caso, é claro que um exame mais acurado seria necessário."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.