São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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MANÍACO
Segundo dono de empresa, acusado foi visto por vizinha queimando papéis e dando descarga várias vezes
Só motoboy pode ter jogado RG, diz patrão


GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Os ex-patrões de Francisco de Assis Pereira, 30, contestaram ontem dois argumentos que devem fazem parte da estratégia de defesa do motoboy: o de que qualquer pessoa poderia ter jogado o RG de Selma Ferreira Queiroz, 18, uma das vítimas encontradas mortas no parque do Estado, no vaso sanitário da empresa. E também o de que Pereira não fugiu.
Um dos sócios da empresa J.R. Moto Express, Juarez Santana Júnior, 33, afirma que o acesso ao banheiro da empresa é restrito aos seus 14 funcionários. Santana também garantiu que Pereira é a única pessoa que poderia ter jogado os documentos de Selma.
O RG é o principal indício usado pela Polícia Civil para incriminar o motoboy pela morte de Selma. Pereira também é suspeito de ser o maníaco do parque, ao qual são atribuídas a morte de outras sete mulheres, todas levadas para o parque e violentadas.
"Ele era o único que trabalhava e morava na empresa. Além disso, ele foi visto por uma vizinha queimando papéis e dando várias descargas em um sábado", afirmou Santana.
A queima de papéis foi confirmado ontem por Selma Rodrigues de Gois, 35, que trabalha em um pequeno salão de cabeleireiro ao lado da empresa de motoboys.
O dono da J.R.Express atribui a esse fato um entupimento detectado na tubulação do vaso sanitário do banheiro. "Quando eu deixei a empresa na sexta-feira estava tudo perfeito. Já na segunda, não descia mais nada", contou.
Segundo Santana, o documento só foi descoberto por causa do entupimento. Pereira desapareceu dia 17 de julho, uma semana antes do RG ser encontrado. "Ele nunca tinha dito nada de que pretendia viajar e ainda deixou R$ 120 a receber, ferramentas e CDs. Para mim, isso é uma fuga", disse.
Depois que o motoboy saiu da empresa, Santana disse que tentou desentupir o banheiro duas vezes.
"O RG só apareceu porque eu não consegui desentupir e pedi para que arrancassem a privada. Quando batemos com ela no chão, o RG queimado caiu", explicou. "Se tivesse desentupido, essa prova contra ele nunca teria aparecido", afirmou Santana, que chamou a polícia no dia 24 de julho, assim que achou o RG.



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