São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME EM ATIBAIA
O procurador-geral de Justiça acusa Igor Ferreira da Silva, que nega o crime, de homicídio e de aborto
Promotor é denunciado por matar mulher

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

O promotor Igor Ferreira da Silva, 31, foi denunciado ontem pela Procuradoria Geral de Justiça sob as acusações de assassinar a mulher, a advogada Patrícia Aggio Longo, 27, que estava no sétimo mês de gravidez, e de provocar o aborto do feto, ao matá-la com dois tiros na cabeça.
O crime ocorreu no dia 4 de junho passado, no condomínio Shangrilá, em Atibaia (65 km ao norte de São Paulo). Igor diz que é inocente. Segundo sua versão, um homem abordou o casal, mandou-o descer da picape, levou Patrícia como refém e a matou.
"O conjunto das provas não deixa dúvida de ser ele (Igor) o autor deste homicídio", afirmou ontem o procurador-geral de Justiça Luiz Antonio Marrey, que apresentou a denúncia ao Órgão Especial do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
O relator do caso no TJ-SP é o desembargador Franciulli Neto. Ele fará um relatório sobre a denúncia para o Órgão Especial, formado pelos 25 desembargadores mais antigos. Caso aceitem a denúncia, o promotor se torna réu.
A acusação contra Igor é de que ele matou sua mulher sem lhe dar chance de defesa, pois, além de armado, ele atirou numa grávida com dificuldades de locomoção. Essa condição qualifica o homicídio, tornando-o crime hediondo.
Além de ser denunciado pela acusação de homicídio, Igor está sendo acusado de aborto. A combinação das acusações poderá render uma pena mínima de 15 anos ao promotor, se condenado.
Marrey expôs os indícios achados contra o promotor. Disse que há depoimentos provando que ele sacava a arma para ameaçar pessoas e que já havia batido na mulher em público.
Disse também que ele foi desmentido pelo vigia Daniel Francisco Matos. O vigia afirmou ter visto Igor no interior do condomínio, vindo da direção em que Patrícia foi achada morta na picape.
Matos afirmou ainda que Igor tentou esconder o rosto ao vê-lo. Ao encontrar o promotor na delegacia, o vigia o reconheceu.
Marrey criticou o fato de Igor não saber para quem teria vendido a pistola calibre 380, arma do mesmo calibre da usada no crime.
"Lamento dizer, mas esse tipo de desculpa vemos em inquéritos de justiceiros, de grupos de extermínio. É inaceitável um promotor vender a arma sem recibo."
Mas o Ministério Público não descobriu qual seria o motivo do crime. "Isso não atrapalha nossa convicção de que as provas são necessárias para condená-lo."
Marrey disse que não pediu a decretação da prisão de Igor porque não existe motivo nesse momento. Ele afirmou que tentará afastar o promotor de suas funções ajuizando uma ação de perda do cargo.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.